Por Itasat
Frio, fome, crianças desesperadas, comércio saqueado e briga por combustível são situações relatadas pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Mariupol, cidade ao Norte da Ucrânia que está cercada por tropas russas. Mais de 400 mil civis, incluindo idosos e crianças estão presos na cidade, sem saber para onde e como ir.
A Cruz Vermelha cita também saques em farmácias em meio ao frio de de menos 5 graus, falta de gás para aquecer os moradores. O prefeito da cidade confirmou que 1,2 mil corpos nas ruas
Quem tem parente na cidade busca informações desesperadamente. É o caso do deputado ucraniano Dmytro Gurin, que está com os pais presos na cidade. O último contato foi há quatro dias. O parlamentar conseguiu informações com um vizinho. "Conversamos por 30 segundos depois que eles foram para um local com sinal - há alguns desses locais que as pessoas conhecem", disse Gurin à BBC.
"Você pode tentar imaginar isso? Seus pais, 67 e 69 anos, estão bebendo neve e tentando cozinhar em uma fogueira no inverno, e há bombardeios contínuos", disse ele. "Isso não é mais guerra. Isso não é exército contra exército. É a Rússia contra a humanidade", completou.
Vala de 25 metros
O vice-prefeito de Mariupol, Serhiy Orlov, informou que mais de 1,2 mil corpos foram retirados das ruas e começaram a ser enterrados em valas comuns. Diversos trabalhadores locais cavaram uma vala de cerca de 25 metros de comprimento em um antigo cemitério do município e empurraram os corpos, que estavam envoltos em sacos plásticos, lençóis ou tapetes.
De acordo com as autoridades locais, mais de 1,2 mil pessoas morreram em Mariupol em nove dias. No entanto, as pessoas enterradas nas valas não foram mortas somente em função da guerra, mas também por doenças ou causas naturais.
Os mortos são colocados nas valas sem muita cerimônia, principalmente por ser muito perigoso para os trabalhadores. Alguns mísseis russos já atingiram o cemitério nesta semana e interromperam os enterros e danificaram um muro do local.