Por Itasat
Derrotado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais depois que os deputados decidiram derrubar o veto sobre as mudanças no projeto de lei de reajuste dos salários dos servidores, o governador Romeu Zema (Novo), fez uma comparação polêmica sobre a decisão do Legislativo. Em entrevista coletiva concedida hoje após um evento em Varginha, no Sul de Minas, Zema disse que a atitude dos parlamentares é igual a de um pai que compra o que o filho quer ou um pai que deixa o filho se drogar.
"O que esses deputados fizeram é o que um pai faz quando o filho pede qualquer barbaridade. Ah, eu quero comprar isso, compra mesmo não tendo recurso para pagar. Eu quero me drogar. Deixa o filho drogar. A vida não é desse jeito, a vida é feita com responsabilidade", declarou.
Zema disse que o governo tomaria as 'providências necessárias", se referindo à judicialização do caso. Ontem, o Executivo afirmou que procuraria a Justiça para evitar a concessão de reajustes de 24% para servidores da saúde e da segurança pública e de 33,24% para trabalhadores da educação. A proposta do governo estadual é reajustar os salários de todo o funcionalismo público em 10,06%, retroativos ao mês de janeiro. O aumento passa a cair na conta dos servidores no mês que vem.
Ainda de acordo com o governador, a derrubada do veto, por parte dos deputados, foi "irresponsável" e cobrou coragem dos parlamentares.
"Na minha opinião, faltou coragem de encarar a realidade. Um estado falido, que até quatro meses atrás quitava o 13º em 10 pagamentos. Um estado que precisa atender a população com medicamentos, escolas, segurança é um estado que precisa ser responsável. Eu vejo como uma irresponsabilidade. Nós já devolvemos e queremos saber de onde sairão os recursos", afirmou. "É muito fácil fazer benesses sem ter recursos, fazer só promessas. É o que já aconteceu no passado. Na minha gestão, não, eu sou responsável. Eu encaro a realidade. Eu acho até que no setor público a gente deveria ter gente mais corajosa, com vontade de falar não", completou.
Zema disse, ainda, que o governo teria condição de atender ao aumento de salários se a Assembleia apontasse de onde os recursos sairiam.
"Lamento que muitos não tenham tido a coragem de ter encarado os números. Porque nenhum de nós aqui assume um compromisso que é superior ao nosso salário. Nós sabemos que vamos enfrentar dificuldades. Então, vamos tomar as providencias necessárias e, na hora que a Assembleia mostrar que o recurso existe, aí tudo bem, nós vamos ter condição de atender a esse pleito", afirmou o governador.
A declaração de Zema sobre o pai que deixa o filho se drogar repercutiu. O presidente da Assembleia Legislativa criticou o governador em um perfil nas redes sociais.