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redução

Ronaldo reduz orçamento do Cruzeiro em 60% e deixaria o clube sem aprovações no Conselho

Diretor financeiro da Raposa fez revelações importantes durante painel sobre SAF

06/05/2022 09h03
Por: Redação

Por Itasat

O Cruzeiro passa por um choque de gestão na tentativa de colocar "ordem na casa" e mudar a realidade do clube, hoje mergulhado em dívidas e com uma situação financeira difícil por causa do rombo de mais de um bilhão em suas contas. Tamanha responsabilidade dessa readequação econômica da Raposa passa, também, pelas mãos do diretor financeiro (CFO) Raphael Vianna, que chegou ao clube há três meses. 

Durante seminário sobre Sociedade Anônima do Futebol (SAF), realizado pela TMA Brasil, Vianna revelou detalhes importantes dos bastidores celestes. Dentre esses, a redução drástica no orçamento do clube. O Cruzeiro tinha uma previsão orçamentária de gastar quase R$ 100 milhões com Sérgio Santos Rodrigues - presidente da associação -, números completamente revistos pelo "time Ronaldo" por causa da difícil realidade financeira cruzeirense. 

"A gente reduziu a folha do futebol de 60%. Saímos de R$ 90 milhões para algo em torno de R$ 37 (milhões), R$ 35 milhões. Não conseguimos chegar a todas as reduções que a gente queria, porque o negócio do futebol é muito de longo prazo. As decisões são extremamente caras. As decisões que você faz agora elas vão te acompanham nos próximos três, cinco anos", disse o CFO estrelado. 

Com vasta experiência no ramo de finanças empresariais, tendo atuado inclusive em startups, Raphael Vianna tem a primeira experiência mais profunda no futebol, apesar de conhecer bastante o mercado. E um pente fino foi passado no Cruzeiro durante a "duo diligência" (uma auditoria completa) antes de o negócio da SAF azul ser repassada ao ex-camisa 9 da Seleção Brasileira. 

Dentre os pontos mais espinhosos estava o da cessão dos centros de treinamento. Além da necessidade de inserir o Cruzeiro dentro do escopo de uma recuperação judicial e recuperação extrajudicial. O que, caso os conselheiros não apoiassem as demandas de Ronaldo, o Fenômeno poderia ter desistido da compra da SAF azul. 

"Durante a diligência, a gente percebeu que precisava da autorização do conselho. Se os pontos não fossem aprovados, no início de abril, provavelmente a gente sairia da operação. Para ter mais segurança legal, a gente pediu essa autorização, que era possibilidade de o Cruzeiro entrar em RJ (recuperação judicial) e RE (recuperação extrajudicial), que é algo bastante complexo, e as vendas dos centros de treinamento para a SAF, que antes seriam alugados. Foi feito em troca do pagamento da dívida tributária do Cruzeiro", explicou. 

A chegada de Ronaldo foi feita pela XP Investimentos, junto do Cruzeiro, em momento apontado como crucial. Tendo em vista que a demora nesse processo poderia ocasionar ainda mais prejuízos ao clube. 

"Existia um grande risco do Cruzeiro de não registrar jogadores na primeira janela de transferência em janeiro e existia um risco muito grande de os jogadores ficarem sem salários, porque a folha era extremamente cara, extremamente fora dos padrões de um clube da Série B", revelou. 

Dívida da associação

Há ainda um preocupação muito grande com a dívida da associação, que supera R$ 1 bilhão, gerar problemas para a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futuro. 

"A dívida da associação é realmente muito grande. Pode contaminar a SAF, sim, após seis anos, se esse 60% do valor não for pago. Mas temos um plano bem desenhado. As partes mais complexas de negociar, já foram superadas com a associação. Faltam pequenos detalhes, e temos que continuar a execução. É extremamente complexo, com bastante surpresas no meio do campo. Se não tivesse a lei da SAF, o grupo não teria feito este investimento", comentou. 

Vianna citou ainda alguns detalhes do trabalho de recuperação que está sendo feito no Cruzeiro. 

"Nestes dois primeiros meses iniciais, a gente estabilizou o caixa de curtíssimo prazo, fizemos bridges (pontes) com os sócios, renegociamos e alongamos algumas dívidas mais urgentes. Já começamos a trabalhar na geração de novas receitas, principalmente com sócio-torcedor. O Cruzeiro saiu de 10 mil sócios para 48 mil. E é um negócio que faz diferença no fluxo de caixa a curto prazo e um recebível muito interessante para ser antecipado", falou.