Com Itasat
“Ele mirou na cabeça, só não acertou porque o carro estava em uma curva”. Esse é o relato indignado da mãe das crianças, de 6 e 11 anos, que estavam no carro atingido por policiais militares durante a busca pelos criminosos que atacaram um banco, em Itajubá, no Sul de Minas.
A mãe das crianças contou que a babá estava levando os filhos para a escola um Jeep Renegade, cor branca, pelo bairro Cachoeirinha, sentido BR-459, quando foi surpreendida por disparos de arma de fogo.
Segundo ela, uma das balas - foram três tiros - atingiu a janela do lado da motorista e os estilhaços feriram a motorista e uma das crianças. “Se era para parar o carro, por que não atiraram no pneu?”
No momento em que a motorista passou pelo local, por volta de 6h30, ela disse que havia neblina e não viu luzes ou sinalização da polícia.
“Assim que ocorreu o fato, as crianças me ligaram, chorando e eu corri para o local. Meus filhos estão traumatizados”, contou.
Ela ainda disse que a motorista também está “muito assustada” e com dores de cabeça. “Ela teve cortes por conta do vidro e problema de audição por conta do disparo”, relatou. A motorista foi levada para o hospital. Lá, foi medicada e liberada.
A mulher classificou a ação policial como absurda. “Ela não oferecia perigo para os policiais até porque, se tivesse visto a ordem de parada, ela teria feito. Não tem porque fugir”, pontuou. A funcionária estava com a carteira de motorista regular.
Agora, a família vai lutar por Justiça. “A gente quer Justiça, vamos tomar as medidas cabíveis. Tivemos danos materiais e, principalmente, psicológicos”, concluiu.
Versão dos policiais
Já na versão da polícia, de acordo com o boletim de ocorrência, um tenente da corporação disse que durante bloqueio realizado nas proximidades da rodovia em busca dos criminosos, aproximou-se de um veículo com os vidros escuros.
Nessa ocasião, segundo o militar, os policiais abordaram todos os veículos que passavam pelo local e o Jeep “se aproximou em velocidade maior em relação aos veículos anteriores''.
Na versão da polícia, “mesmo com determinação de parada realizada através de gestos de braços e sinal luminoso com lanterna, o veículo não parou’’ . Os militares justificaram que o veículo se assemelha aos que foram utilizados pelos criminosos.
A major da PMMG Layla Brunnela afirmou que há duas versões diferentes dos fatos e, por isso, elas precisam ser apuradas. “Aqui é uma região fria. O fato aconteceu por volta das 6h e isso impacta muito na questão da neblina. Ainda era noite quando os militares faziam essa abordagem”, disse.
A major pontua que os militares confirmam terem dado ordem de parada e a motorista afirma não ter visto a viatura. “Por isso, ela passou direto. Mas o episódio é sim alvo de apuração por parte do comando da unidade para verificar a postura dos militares e, também, a versão dessa senhora”, completou.