Com Itasat
Lesões de pele grave acabam de ganhar um novo aliado. Trata-se de uma técnica que reduz drasticamente o tempo de tratamento, já que usa células-tronco coletadas da região abdominal do paciente para sintetizar, em uma bioimpressora 3D, o tecido que será usado para recuperar a área afetada.
O Hospital Nove de Julho, de São Paulo, acaba de completar dois procedimentos cirúrgicos com essa tecnologia. Bruno Pinto, diretor geral do Hospital Nove de Julho, destaca que a reabilitação e a qualidade da regeneração são muito vantajosas para os pacientes. “Além disso, os médicos agora têm mais uma solução para alcançar um melhor desfecho clínico.”
O método pode ser utilizado para o tratar lesões de pele e feridas mais complexas, como úlceras do pé diabético, queimaduras e câncer de pele. Como usa material genético autólogo — ou seja, que é obtido do próprio paciente —, o risco de rejeição é menor do que com outros materiais.
Os primeiros pacientes tratados em São Paulo tinham lesões graves decorrentes de pé diabético e de acidente de trânsito com feridas complexas na pele. O equipamento e o kit de tratamento são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por suas equivalentes nos EUA (Administração de Alimentos e Medicamentos, a FDA) e na Europa (Agência Europeia de Medicamentos, a EMA).
Como é a bioimpressão
Inicialmente, um software captura a imagem da região afetada. Em seguida, ele a envia para a bioimpressora 3D que, em 30 minutos, é capaz de finalizar a criação do tecido que será usado na região lesionada. A máquina fica dentro do centro cirúrgico.
As células-tronco obtidas da região abdominal do paciente são microfiltradas e misturadas com cola natural de fibrina. Para a sintetização do tecido, a bioimpressora 3D primeiro faz uma base. O novo tecido é construído em camadas sobrepostas de células-tronco e a cicatrização leva cerca de 30 dias.
Heron Werner, coordenador do Biodesign Lab da PUC-Rio, que pesquisa bioimpressão, inteligência artificial e metaverso na saúde, lembra que a técnica inclui muitos avanços de última geração da medicina e da ciência. “Ela une biotecnologia de alta qualidade com recursos computacionais e de inteligência artificial de ponta”, explica.
Quando tratadas de forma convencional, algumas lesões podem necessitar de até seis meses de terapia e não ter resultados satisfatórios. “Neste primeiro momento, vamos evitar muitas amputações, principalmente em pacientes portadores de pés diabéticos e com feridas de difícil tratamento”, explica Maurício Pozza, sócio-proprietário da 1000Medic, que trouxe a tecnologia para o Brasil.