Com Itasat
‘Não temos carro pra gente aleijada’'. Foi isso que João* ouviu depois de pagar as provas de legislação e prática em uma autoescola em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. João tem uma deficiência em que o braço esquerdo é menor do que o direito e, por isso, ele precisa da adaptação do carro.
“Fui ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Juatuba e, de lá, me encaminharam para o Detran de Belo Horizonte. Fiz um laudo e a prova de legislação. Fui reprovado uma vez. A moça da recepção disse: ‘não desiste que é muito difícil’. Paguei de novo e passei”, disse.
No dia da prova prática, João foi surpreendido por um carro manual. “Nos meus documentos, conta que (preciso) de um carro com câmbio automático e pomo no volante,” contou.
“Foi então que eu reclamei com o suposto dono da autoescola e ele virou pra mim e disse que ‘não mexia com gente aleijada' e que eles não ‘tinham carro pra gente aleijada’”, contou.
A chefe da divisão de habilitação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Maria Alice de Faria, lamentou o ocorrido.
“É lamentável atender um cidadão de forma pejorativa e até ofensiva. Isso pode até mesmo ser caracterizado como um crime. Não é admissível aos nossos parceiros esse tratamento. Esse mesmo comportamento pode gerar aí pra nós uma apuração no âmbito administrativo”, disse.
Entretanto, segundo ela, o Detran não possui condições de exigir de todos os seus parceiros que eles tenham veículos que atendam todos os tipos de adaptações.
“Mas é obrigação desse parceiro credenciado informar a essa pessoa que o procura e que já está enquadrado como uma pessoa que precisa da adaptação, se ele possui ou não condições de atender esse cidadão”, completou.
*Nome fictício