Por Pedro Augusto
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), é sócio de um banco autorizado pelo Ministério da Cidadania, órgão do governo federal, a oferecer empréstimos consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil. À Justiça Eleitoral, Zema declarou ter participação de 16,41% na Zema Crédito, Financiamento e Investimento S/A, instituição financeira da família dele.
A partir desta segunda-feira (10), quem recebe Auxilio Brasil poderá fazer empréstimo consignado com o benefício. O empréstimo poderá ser feito em no máximo 24 parcelas mensais, que não podem superar 40% (R$ 160) do valor do benefício de R$ 400 — pela legislação atual, os R$ 600 são temporários e chegam ao fim em dezembro. A taxa de juros máxima é de 3,5% ao mês, mas os bancos podem oferecer condições mais vantajosas.
Além do banco do qual Zema é sócio, outras 11 instituições financeiras foram autorizadas a oferecer o produto. De acordo com portaria do Ministério da Cidadania, basta que os bancos manifestem interesse em operar o consignado do Auxílio Brasil. É necessário autorização do Banco Central e também ter habilitação para fazer empréstimos consignados.
O Auxílio Brasil é o sucessor do Bolsa Família. O objetivo do programa é garantir uma renda básica à familias em situação de extrema pobreza, que possuem renda per capta de até R$ 105.
Em 2021, Zema criticou o pagamento único de R$ 600 às famílias situação de extrema pobreza em Minas. O projeto foi proposto e aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
"Nós sabemos, infelizmente, que muitas pessoas ao receberem esse dinheiro não fazem uso adequado do mesmo, vão para o bar, para o boteco, e ali já deixam uma boa parte ou quase a totalidade do que receberam. Então, se ele fosse pago de forma parcelada, muito provavelmente a sua efetividade social teria sido maior", declarou o governador à época.
O governo de Minas orientou que a reportagem procurasse a Zema Financeira, nome comercial do banco, para um posicionamento.
O Grupo Zema declarou que as primeiras informações sobre a linha de crédito foram disponibilizadas em maio e que o governador não participa da gestão da instituição.
"Importante salientar que o Sr. Governador Romeu Zema não possui nenhum cargo de gestão ou interferência nas empresas do Grupo Zema,
tendo todas as decisões estratégicas do Grupo sendo tomadas com isenção e nenhuma interferência política partidaria", informou a assessoria de imprensa por meio de nota.
Zema declarou apoio no segundo turno à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de críticas a Lula e ao PT, o governador tem se empenhado na articulação política com prefeitos com o objetivo de dar mais capilaridade à campanha do presidente.
Nessa segunda-feira (10), o governador convocou entrevista coletiva na Cidade Administrativa ao lado do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. Não houve nenhum novo anúncio de obras no Estado.
Foram citados a duplicação da BR-381 e a ampliação do metrô de Belo Horizonte, cujos leilões serão realizados em dezembro, e também a duplicação da BR-262, obra para a qual o edital ainda não foi lançado.
“Eu acho que o ex-presidente Lula está fora da realidade. Eu acho que ele deveria vir aqui para pedir desculpas aos mineiros pela tragédia que foi o governo PT-Pimentel aqui em Minas, que deixou para nós uma herança maldita que atrasou investimentos no Estado", disse Zema na coletiva.
O governador se reunirá novamente com um ministro do governo federal na Cidade Administrativa na terça-feira (11), mas o do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite.
De acordo com comunicado emitido pelo Palácio Tiradentes, o objetivo da entrevista coletiva será apresentar investimentos para melhorias em sete parques nacionais localizados em Minas Gerais.