A população de rua em Sete cresce a cada dia que passa e já atingiu um patamar de 350 em 2022, segundo um levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, o Pólos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Um crescimento similar a capital mineira, guardadas as devidas proporções é claro.
Entre todas as cidades do Brasil, a capital mineira só fica atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem mais pessoas neste tipo de situação.
Em todo o país, são 213.371 pessoas em situação de rua registradas no CadÚnico - conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. Entre 2021 e 2022, o número de pessoas vivendo nas ruas de Sete Lagoas dobrou.
O relatório do Pólos de Cidadania aponta que 68% desses moradores de rua são negros e 87% do sexo masculino. O número faz referência aos dados do CadÚnico captados até setembro de 2022. Em relação ao dado oficial, é possível que o número de moradores identificados pelo governo federal esteja subnotificado em cerca de 30%, segundo o Polos de Cidadania.
Crescimento
O dado de 2022 marca um aumento de 22% no número de moradores de rua em Sete Lagoas.
Segundo o coordenador do Observatório, o professor André Dias, os dados escancaram um aumento na desigualdade e no empobrecimento da população. “O fenômeno da população em situação de rua está muito relacionado com o aumento da desigualdade e da pobreza no nosso país, haja vista que na capital mineira 93% da população em situação de rua se encontra em condição de extrema pobreza. Além disso, é importante destacar que esse é um fenômeno que tem uma relação direta com a precarização do acesso à moradia. Se não fossem as ocupações urbanas historicamente criminalizadas, o contingente populacional de em situação de rua seria exponencialmente maior”, analisa o professor.
Além de problemas ligados diretamente no acesso à renda, e na falta de políticas públicas, o professor que estuda o assunto no Pólos de Cidadania também avalia que o racismo estrutural é determinante para que esse cenário se mantenha.
“Temos que reconhecer que estamos falando de uma violência histórica e da necessidade de uma reparação histórica com relação a uma determinada parcela da nossa população que é a maioria. No caso da população em situação de rua, na média nacional a cada 10 pessoas, 7 são negras. No estado de Minas Gerais essa porcentagem sobe para 80%.
2020
Segundo Luciene Carvalho Chaves, secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, em 2020, 196 pessoas viviam nas ruas da cidade, homens e mulheres com faixa etária entre 18 e 72 anos de idade. Com a pandemia do novo coronavírus, o número praticamente dobrou.
Nossa reportagem aguarda resposta da Prefeitura de Sete Lagoas