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Coronavírus

Na contramão mundial, Bolsonaro diz que desemprego é crise muito pior do que coronavírus

Fala do presidente

23/03/2020 07h54
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite deste domingo (22), que a crise de emprego originada pela paralisação de boa parte da atividade econômica nos Estados é "muito pior do que o próprio coronavírus vem causando no Brasil e pode causar ainda". "Mais importante que a economia é a vida. Mas nós não podemos extrapolar na dose. Com o desemprego aí, a catástrofe será maior", declarou o presidente ao programa Domingo Espetacular, da Record TV.

Na entrevista, Bolsonaro chamou "parte" dos governadores de "verdadeiros exterminadores de emprego", em uma crítica às medidas de restrição de movimento e fechamento de comércios tomada por alguns chefes de Executivos estaduais, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). E, dirigindo-se aos mesmos alvos, pediu: "Não exterminem empregos, senhores governadores, sejam responsáveis."

O Brasil tem 25 mortes em consequência do novo coronavírus. O balanço, atualizado pelo Ministério da Saúde na tarde desse domingo (22), aponta 1.546 casos confirmados.Em Minas, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), subiu para 83 o número de casos confirmados da doença. Outros 7.190 casos são investigados no estado.

Segundo o presidente, "a grande mídia" e governadores estão "de olho" na sua cadeira e querem tirá-lo do poder "de qualquer maneira". "Se puder antecipar minha saída, eles farão isso daí. Mas da minha parte não terão oportunidade disso."

Questionado sobre o que Palácio do Planalto está fazendo para se prevenir contra casos de desabastecimento, Bolsonaro respondeu que o governo está se preparando ao comprar "equipamentos hospitalares" e "fazendo videoconferências, conversando". Ele disse que teria ainda hoje, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, videoconferências com prefeitos de 20 grandes cidades.

"Estamos fazendo o contato direto com os prefeitos porque é lá que o povo vive, e não na fantasia de alguns governadores", acrescentou. Ele também afirmou que o trabalho do governo federal é "acalmar a população e evitar que o pânico chegue no meio da população".

Logo no início da entrevista, Bolsonaro partiu para a ofensiva contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). "As pessoas que reclamam de mim, que não tomou (sic) providência, como por exemplo aí o senhor governador de São Paulo, têm que lembrar que no dia 23 de fevereiro ele estava na Sapucaí, no Rio de Janeiro. (Dias depois) Ele estava no lançamento da CNN (Brasil) com 1.300 pessoas do seu lado."

"Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus", afirmou Bolsonaro. "Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa."

Na contramão mundial 

Bolsonaro vai, uma vez, na contramão de líderes mundiais. Nesse domingo (22), por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um programa de ajuda aos estados de Nova York, Califórnia e Washington, os mais afetados pela crise do novo coronavírus. Segundo o presidente americano, o reconhecimento de estado de emergência foi aprovado para Washington e Nova York. Trump também anunciou que o pedido de reconhecimento de estado de emergência na Califórnia foi recebido e deverá ser aprovado em breve, "possivelmente esta noite", disse.

De acordo com o presidente, serão inauguradas quatro estações médicas em Nova York com mil leitos no total, três estações em Washington com mil leitos e oito na Califórnia com dois mil leitos. Segundo o vice-presidente Mike Pense, "queremos estratégias que sejam executadas localmente" e "gerenciadas pelos estados".

Trump disse ainda que equipamentos como máscaras, aventais e respiradores estão sendo entregues em Washington e Nova York. "Vamos produzir milhões de máscaras adicionais", disse. "Temos empresas trabalhando para ajudar na fabricação de equipamentos". Para o diretor de Política Comercial e de Fabricação dos Estados Unidos, Peter Navarro, "estamos vendo a maior mobilização da base industrial desde a 2ª Guerra Mundial".