Por Itasat
Um dia após ser criticado por Nathan durante a passagem pelo Atlético, o técnico Rafael Dudamel rebateu o jogador alvinegro. O venezuelano, demitido do clube após ficar menos de dois meses à frente da equipe, colocou em dúvida o profissionalismo do meio-campista, que disse à Record TV que o comandante queria “só mandar, mandar e mandar”.
“Recebo com muita decepção umas declarações de um jogador jovem, com um futuro promissor, com um futuro bom. Mas, definitivamente, o êxito de um jogador caminha lado a lado com o profissionalismo, com a hombridade, com a sinceridade e a frontalidade que pode viver. As declarações do Nathan me geraram uma grande decepção. Não quero pensar nisso com malícia, (pensar) que na sua cabeça tenha passado, de alguma maneira, orquestrar, preparar a saída de um treinador. Eu não posso pensar desta forma. Quero entender que foi parte de uma imaturidade de um jogador da sua idade”, declarou em entrevista ao portal Globoesporte.com.
Dudamel foi além e cutucou Nathan relembrando do pênalti perdido pelo meio-campo na eliminação para o Afogados, na Copa do Brasil, e dizendo que agora entende porque o jogador não obteve sucesso nos clubes por onde passou e ficou pouco tempo.
“Entendo, agora sim, porque, nos lugares onde esteve, não pôde triunfar e tenha permanecido tão pouco tempo. Recordo, também com tristeza, o dia que errou o pênalti, que nos eliminaram da Copa do Brasil. E eu me pergunto: será que naquele momento passou pela sua mente a exigência de Dudamel e por isso errou o pênalti? Em momentos cruciais, um jogador não pode falhar. Os jogadores diferentes, em momentos cruciais, não falham”, frisou.
Sette Câmara e Lásaro
Em relação ao trabalho no clube, Dudamel ressaltou que tinha o apoio do presidente Sérgio Sette Câmara e ganhou ‘carta branca’ para fazer as mudanças que desejava. No entanto, após ser demitido, o treinador usou palavras fortes para revelar que o mandatário alvinegro não teve “personalidade e caráter” para conversar “como homem e profissional” sobre os motivos da demissão.
"Fiquei muito surpreendido que, até o dia de hoje, nunca tive uma palavra, desde a minha saída do Atlético, com o presidente. O senhor Sérgio nunca teve a fortaleza, a personalidade e o caráter para dar a cara e poder conversar como profissional e como homem sobre seu ponto de vista e o porquê da (minha) saída. Mas eu, como profissional, devo entender essas decisões e continuar", afirmou.
“Houve muitas mudanças. Conversamos com o grupo, falamos sobre nossas normas, sobre a nossa maneira de trabalhar. Em todo momento, deixamos partícipes nosso capitão e toda nossa equipe, inclusive os personagens de trabalho do Atlético. Preparamos um discurso com Jeremias, nosso coach, e explicamos o porquê de todas nossas decisões”, continuou.
Sobrou até para o vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha, a quem Dudamel considerou não ser sincero na sua presença. “Conversava muito com o presidente e com o vice-presidente, um grande contador de histórias, diferente da cara que me mostrava a cada vez que estava nas concentrações, nas viagens, nos treinamentos. Mostrava uma cara de satisfação, de se identificar com o que estávamos fazendo. E, realmente, não era uma cara sincera”, disse.
No Twitter, o vice atleticano comentou sobre as declarações de Dudamel e disse que tentou fazer com que o técnico tomasse conhecimento de como funciona o futebol brasileiro e que o alertou para “o exagero em algumas regras”, mas que agora o “sucesso ou fracasso não podem ser terceirizados. Cada um que assuma o seu”.
“Realmente tentei, na medida das minhas possibilidades, que o técnico conhecesse um pouco da realidade brasileira, do Galo em particular. Quando tive oportunidade o alertei para o exagero em algumas regras etc. Tentei, como faço desde 2009 com todos que passaram pelo clube, um ambiente sadio. Acrescento que ajudei ao meu modo e com as limitações dos cargos que venho ocupando no clube, com técnicos de características e personalidades distintas, com franqueza e leveza que pratico no futebol e na vida. O sucesso ou fracasso não podem ser terceirizados. Cada um que assuma o seu”, postou Lásaro.
Elogios à torcida e aos líderes do elenco
Mas não foram apenas críticas. Dudamel fez um contraponto e também elogiou o comportamento da torcida e dos líderes do elenco atleticano.
“Uma equipe com uma torcida incrivelmente fantástica, uma torcida superexigente, apaixonada, com torcedores incondicionais, que sempre acompanhavam. Me encantou essa exigência dos torcedores, porque isso me levava a viver com muita intensidade todo o meu trabalho”, agradeceu.
“Tenho que ficar com os bons momentos vividos com os jogadores, porque encontrei um grande profissionalismo entre os líderes da equipe. Réver, Fábio Santos... Jogadores como Ricardo Oliveira. Jogadores muito profissionais, o Victor... Entendi porque alcançaram o que alcançaram em suas carreiras. Fica aqui o meu agradecimento, respeito e a minha admiração”, finalizou.