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Levantamento

Ao contrário de outros países, número de óbitos por covid-19 no Brasil aumenta a partir do 2º mês

Levantamento feito mostra evolução da doença pelo mundo

17/07/2020 08h56Atualizado há 5 anos
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Por Itasat

Quatro meses se passaram desde a primeira morte confirmada por covid-19 no Brasil, de um morador de São Paulo, de 62 anos. Desde então, os óbitos vêm aumentando com o passar dos dias. Ao contrário do que aconteceu em outros países, a queda não veio a partir do segundo mês. Na verdade, os dados mostram que o Brasil é o único país que, ao chegar na marca dos quatro meses após a primeira morte, continua crescendo. 

Após a confirmação do primeiro óbito, o Brasil saltou de quase duas mil mortes em 30 dias para mais de 30 mil mortes neste mesmo espaço de tempo. O aumento acentuado se dá entre o segundo e o terceiro mês. Neste mesmo período, outros países que figuram entre aqueles com a maior quantidade de vítimas da Covid-19 estavam com o número de mortes caindo.

A partir de dados disponibilizados pela Universidade de Oxford, foi feito um levantamento que compara a situação dos países que mais têm óbitos por coronavírus no mundo até o momento. Como são nações com quantidade populacional distinta, conta considerou o dado proporcional, ou seja, a quantidade de mortes por milhão de habitantes.

No Brasil, o primeiro mês teve 9 óbitos por milhão de habitantes, número que subiu para 65, depois para 141 e subiu mais um pouco, chegando a 150 no quarto mês. Nos Estados Unidos, o segundo mês após a primeira morte confirmada foi o mais crítico, com 180 mortes por milhão de habitantes. Depois esse número cai para 126 e cai mais ainda para 70. 

Reino Unido, Itália, França e Espanha passaram por situação semelhante. Chegaram ao pico de mortes no segundo mês após o primeiro registro de óbito e depois esse número começou a cair, chegando à menor marca no quarto mês. O Reino Unido, que chegou a ter 352 mortes por milhão de habitantes em um mês, baixou para 56. Na Itália, o dado passou de 323 para 33. Na França, a queda foi de 240 mortes por milhão de habitantes para 30. E na Espanha, a queda foi ainda maior, passando de 297 para 26.

Esses dados, de comparação ponderada já levando em conta o número distinto da população de cada um desses países, mostra que o Brasil está no quarto mês após a primeira morte por coronavírus com óbitos em alta. O que não aconteceu em nenhum outro local, com exceção do México, que ainda não chegou ao quarto mês após a primeira morte por covid-19.

O professor Rafael Ribeiro, do Grupo de Políticas Públicas e Desenvolvimento, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, que acompanha os dados de coronavírus pelo mundo, aponta que o isolamento social, ou a falta dele, é uma das explicações para essa diferença entre o Brasil e os outros países.

O professor afirma ainda que, além da baixa taxa de isolamento social, a falta de coordenação entre as diferentes esferas públicas e a flexibilização no momento errado também ajudam a explicar porque o Brasil continua com um número alto de mortes no quarto mês após a confirmação do primeiro óbito.