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Em nota

Fred diz que tentou negociar permanência no Cruzeiro e critica Sérgio Rodrigues por ‘politização’ do caso

Atacante divulgou nota para dar sua versão pela saída da Raposa e repudiar posicionamento da atual diretoria em relação ao seu contrato com o clube

21/07/2020 10h18
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Por Itasat

Em nota publicada nas redes sociais nesta segunda-feira, o atacante Fred se pronunciou oficialmente sobre sua saída do Cruzeiro e a ação que move contra o clube na Justiça do Trabalho. O camisa 9 do Fluminense explicou que não costuma discutir via imprensa, mas que o presidente Sérgio Santos Rodrigues, em declarações recentes, “tem ultrapassado a sutil barreira que separa a liberdade de expressão do respeito à dignidade de um profissional”.

Em live na última quinta-feira, o mandatário celeste disse que o contrato de Fred, firmado pela antiga gestão de Wagner Pires de Sá e Itair Machado, era “tenebroso”, para falar o mínimo, pois não poderia dizer que era “criminoso”.

Fred fala em politização do caso, dizendo que Sérgio Rodrigues tenta “transferir a responsabilidade pelo cumprimento de obrigações validamente assumidas pela instituição a dois antigos integrantes da administração passada”. O jogador foi além e completou: “Se esse será o caminho, cabe apenas à justiça a decisão final”.

O atacante disse que, antes de acionar a Justiça, tentou negociar com o Conselho Gestor uma readequação salarial, mas que “nunca obteve retorno”. O jogador afirmou ainda que a rescisão indireta do contrato foi o único caminho que restou para conseguir deixar o Cruzeiro.

Em fevereiro deste ano, Fred obteve uma liminar na Justiça para rescindir o contrato de forma unilateral com o Cruzeiro. Em seguida, o jogador entrou com ação contra o clube pedindo mais de R$ 70 milhões entre atrasos no pagamento dos salários, multa pela rescisão indireta do vínculo e o não cumprimento de benefícios pactuados na assinatura do contrato, no fim de dezembro de 2017. No fim de maio, foi anunciado como novo reforço do Fluminense.

No entanto, na semana passada, o Cruzeiro entrou com ação de contestação na 1ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte solicitando a reconsideração do pedido de tutela de urgência concedido ao jogador, o que deu o direito ao camisa 9 a romper o contrato de forma unilateral. 

Por meio de matérias publicadas na imprensa, o Cruzeiro tenta provar que Fred já negociava a transferência para o Fluminense antes de entrar com a ação contra o Cruzeiro na Justiça do Trabalho.

Segundo o clube celeste, Fred rompeu o contrato por vontade própria. Assim, ele teria se valido do mecanismo da rescisão indireta para buscar a multa contratual de R$ 50 milhões, que é, na visão do Cruzeiro, “irresponsável” e que foi incluída no contrato “de forma injustificada”. O fato fez a Raposa a pedir a inclusão do ex-presidente Wagner Pires de Sá e o ex-vice de futebol Itair Machado no processo.

Confira a íntegra do comunicado oficial de Fred à imprensa:

Ao longo dos últimos meses, tenho notado um crescimento no número de entrevistas, declarações e notas à imprensa a respeito do meu contrato com o Cruzeiro Esporte Clube, especialmente da parte dos integrantes da nova diretoria, recém-empossada. É compreensivo (e até mesmo natural) que um Presidente eleito esteja sedento para resolver os conhecidos problemas que assolam o Cruzeiro, colocando toda a sua energia na tentativa de aproveitar o seu capital político atual, algo que tem sido lamentavelmente raro no Clube.

Até mesmo por compreender o momento, procuro evitar debates via imprensa. Acredito que polêmicas apenas geram mais polêmicas e em nada contribuem para uma melhor solução do problema, que deve ser sempre aquela com menor desgaste possível para todos os envolvidos. Infelizmente, não tem sido essa a postura do Presidente Sérgio Santos Rodrigues, que nunca me procurou para discutir qualquer assunto relacionado ao Cruzeiro. A sua postura, ao contrário, tem sido a de fazer colocações públicas carregadas de duplo sentido, tentando gerar no torcedor a ideia de que a minha negociação com o Clube foi repleta de irregularidades. Muitas vezes, em suas declarações, o Sr. Presidente tem ultrapassado a sutil barreira que separa a liberdade de expressão do respeito à dignidade de um profissional (extensível aos seus familiares). Justamente por entender que alguns limites têm sido ultrapassados é que irei me posicionar publicamente.

Os meus representantes foram procurados pelo Cruzeiro e acertaram a minha transferência para o Clube. A situação contratual com o Atlético e as minhas pretensões salariais foram expostas com absoluta transparência, como fazem prova os documentos que hoje são parte integrante de um desgastante procedimento arbitral e de uma ação trabalhista ainda em fase inicial. Posso dizer, com absoluta tranquilidade, que as bases do meu contrato com o Cruzeiro seguem o padrão estabelecido ao longo de minha carreira, sem nada que possa ser considerado aberrante, anormal. O processo que hoje corre perante a Justiça do Trabalho é público e os documentos estão lá à disposição de quem desejar acessá-los.

Alguns esclarecimentos adicionais são igualmente necessários. Ao longo dos últimos anos, convivi com atrasos diversos no cumprimento dos meus contratos, algo que nunca foi exposto publicamente. Não bastasse isso, orientei os meus assessores a colaborarem com o Clube sempre que possível, em todos os aspectos. Reitero: a intenção jamais foi prejudicar o Cruzeiro. Apesar de compreender as limitações do Conselho Gestor, sentei-me à mesa com eles em mais de uma oportunidade, apresentei os valores da minha rescisão, disse estar aberto a uma composição, mas nunca obtive retorno.

A decisão de ingressar na Justiça do Trabalho foi tardia e quase custou o fim precoce da minha carreira. Ao contrário da orientação dos meus advogados, confiava em uma liberação amigável, já que não era interesse do Clube a minha manutenção no elenco, com ou sem a revisão das bases financeiras. Essa hesitação quase me impediu de seguir trabalhando. Não recebia salários, não podia treinar com o grupo, a negociação para a minha liberação não avançava, o Clube ia assumindo novos compromissos, enfim, o cerco ia se fechando e uma decisão precisava ser tomada. O caminho da rescisão indireta foi o único que me restou.

Mesmo tendo consciência de que existem sempre dois lados para uma mesma história, não posso deixar de revelar a minha insatisfação com a politização do caso. O que tem buscado a atual gestão é transferir a responsabilidade pelo cumprimento de obrigações validamente assumidas pela instituição a dois antigos integrantes da administração passada. Se esse será o caminho, cabe apenas à justiça a decisão final.

Sigo tranquilo com o fato de que a questão foi submetida ao Poder Judiciário, que está absolutamente acostumado com assuntos mais importantes e com pressões muito mais intensas. Continuarei evitando entrevistas e declarações públicas, pois aprendi que as partes conversam com o Juiz por meio de petição redigida por seus advogados e não pela imprensa.

Frederico Chaves Guedes