Por Itasat
Depois de governar a Colômbia por oito anos, ganhar o Nobel da Paz pela negociação que encerrou o conflito com a guerrilha das Farc, Juan Manuel Santos abraçou a causa ambiental. Ele é uma das referências mundiais que têm se reunido por videoconferência em um grupo dedicado a buscar soluções concretas para a Amazônia. No projeto, que reúne nomes da política, economia e cultura, estão também o economista Jeffrey Sachs e o fotógrafo Sebastião Salgado. Um dos caminhos reduzir o desmatamento, acredita Santos, é pressão de eleitores e consumidores sobre governos e empresas.
Isolado em Anapoima, município a 90 quilômetros de Bogotá, ele concedeu por vídeo entrevista ao Estadão, centrada em bioeconomia e geopolítica. Santos acredita que a pandemia, cujo estrago considera pequeno perto das consequências do aquecimento global, está movendo o ponteiro ideológico do mundo de volta para o centro.
Grandes empresas, associações de fazendeiros e bancos têm se interessado pelo tema ambiental no Brasil. Uma razão é que a destruição ambiental pode trazer perdas econômicas, mas esse risco não é novo. Por que atores tão ligados ao capitalismo agora defendem sustentabilidade?
O mundo está se dando conta rapidamente da importância de políticas de sustentabilidade. Havia uma negação, que muitos líderes no mundo ainda têm. As empresas estão sendo pressionadas a atuar nessa direção. É um bom sinal que muitas empresas em países em que o ambiente está sendo destruído escutem: "Se vocês continuarem destruindo, não compraremos seus produtos".