Por Itasat
Moradores de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de BH, mais conhecido como Macacos, têm vivido momentos de medo e incerteza. No último sábado (25), cinco famílias tiveram que deixar suas casas em uma ação coordenada pela Defesa Civil Estadual, pois a região onde moravam foi incluída na zona de autossalvamento das barragens B3 e B4 da mina de Mar Azul da Vale. Outras famílias reclamam ainda da falta de transparência e auxílio da mineradora.
Conversamos com uma das famílias que foram retiradas de casa no último sábado (25). O trabalhador autônomo Gleidson Silva de Oliveira, de 30 anos, saiu da residência com esposa e três filhos. Ele reclama que teve que se mudar às pressas.
“Eu sou um dos mais recentes desalojadas em função do risco e atualmente estou hospedado em uma pousada, fui removido da minha casa em função desse alarde todo do aumento da mancha que o novo estudo foi apresentado. Com isso, a Defesa Civil cumpriu o trabalho dela me removendo de casa e a partir de agora eu estou à disposição da empresa responsável, aguardando, afinal de contas existe uma mudança gigante na nossa rotina. É simples assim, é tudo muito rápido, ‘a partir de agora sua casa tá interditada e se você optar por não sair a gente precisa buscar inclusive em meios legais afinal de contas a vida de vocês está em risco outros moradores do distrito de Macacos também’.”
De acordo com a comerciante Juliana Gobe de Moraes, de 35 anos, alguns órgãos públicos, juntamente com a Vale, ajudaram no início das remoções, mas agora falta amparo por parte da mineradora. “A gente está esperando desde novembro do ano passado uma mancha nova, feita pela auditoria técnica e essa mancha não apareceu ainda. Com isso vem acontecendo episódios, evacuações constantes em pleno fim de semana, isso tudo sem aviso sem, sem informação nenhuma para a comunidade.”
Segundo a professora Fernanda Tuna, de 37 anos, os moradores vivem inseguros no local. “A gente não sabe qual que vai ser o alcance da B3 e B4, a gente não tem segurança para tá aqui, é o que eles chamam de lama invisível. Tem que conviver com apreensão, angústia de conviver com uma barragem nível 3 e a questão da renda emergencial, que aos poucos está sendo cortada. Uma série de situações relacionadas à segurança da população não estão solucionadas e ainda assim a renda emergencial está sendo cortado porque a Vale alega que o impacto que Macacos está sofrendo tem só a ver com o coronavírus, por mais absurdo que isso possa ser.”
Em nota, a Vale alegou que tem feito reuniões online com membros da comunidade e do Ministério Público, além de disponibilizar um telefone direto para atendimento aos moradores de Macacos. O número é o 0800-031-0831.
Sobre o auxílio emergencial, a mineradora diz que o benefício foi concedido para que as pessoas impactadas pudessem negociar, com tranquilidade, o valor das indenizações individuais. Após o pagamento destas indenizações, o benefício acaba. Até julho, 7 mil pessoas foram indenizadas, segundo a Vale.