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Lava Jato

Ex-procurador da Lava Jato diz que Bolsonaro surfou na onda anticorrupção: 'Foi estelionato eleitoral'

'Estelionato eleitoral'

03/08/2020 08h32
Por:

Por Itasat

O ex-procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou, em entrevista, que o procurador Deltan Dallagnol está sendo perseguido e que se Moro ainda fosse juiz também seria alvo de perseguição. Carlos Fernando, que admite ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno, declara que se fosse hoje votaria em branco, e avalia que Bolsonaro é uma decepção para boa parte dos eleitores. Na avaliação dele, na eleição, como candidato, o atual presidente foi um surfista na onda do combate à corrupção.

"Muitas pessoas acreditaram efetivamente nas promessas a respeito do combate à corrupção. Eu, pessoalmente, não tinha nenhuma expectativa especial a respeito disso. Infelizmente, nosso sistema de dois turnos impõe que você faça uma escolha pelo menos pior no segundo turno. Ou, como dizia Leonel Brizola, entre o diabo e o coisa ruim. Ele não tinha nenhuma atuação efetiva contra a grande corrupção. Ele não tinha nenhum compromisso efetivo", diz.

"Foi um estelionato eleitoral. Boa parte dos seus eleitores está decepcionada. Eu não posso me arrepender no sentido que eu não votaria em Haddad (PT). Gostaria que outros candidatos tivessem chegado ao segundo turno, assim como espero no futuro que o centro possa ter candidatos que sejam razoáveis, não precisamos votar em opções de extrema-esquerda ou estrema-direita", completa.

Ele também criticou o atual Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, e sugeriu que o interesse dele seja em uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), tribunal que ele considera ter atuação mais política o que técnica.

O ex-procurador não descartou a anulação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora avalie que não haja motivos para isso. Carlos Fernando Santos Lima afirma que a classe política hoje está minando a atuação do Ministério Público e da Operação Lava-Jato. "No Brasil você nunca sabe o que vai sair da cabeça dos ministros do STF. Nada é certo no Brasil", diz.