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Suspensão de testes da vacina de Oxford contra covid-19 não é revés, diz ministro britânico

Não é um retrocesso e não é a primeira vez que isso acontece

09/09/2020 13h45Atualizado há 4 anos
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Por Itasat

A interrupção dos ensaios clínicos da vacina contra a covid-19 realizados pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca não é um retrocesso e não é a primeira vez que isso acontece, afirmou o ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, nesta quarta-feira.

A AstraZeneca divulgou um comunicado na noite dessa terça-feira (8), para relatar a pausa nos testes depois que um voluntário no Reino Unido sofreu uma reação adversa grave. Essa vacina, considerada uma das mais avançadas no mundo, estava em fase final de estudos clínicos antes de receber autorização dos órgãos reguladores para prosseguir com a imunização da população.

Hancock admitiu que a interrupção é "obviamente um desafio. Mas, na verdade, não é a primeira vez que isso acontece com a vacina Oxford e é um processo normal em testes clínicos". De acordo com o ministro, os próximos passos dependerão do que os pesquisadores "encontrarem quando fizerem a investigação" do caso.

A AstraZeneca não divulgou informações sobre o estado de saúde do voluntário que adoeceu, mas a mídia destacou nesta quarta que sua recuperação é esperada.

Acordo brasileiro

A vacina de Oxford estava sendo testada no Brasil em cerca de 5 mil pessoas. Participam ainda dos estudos os Estados Unidos e a África do Sul, além do Reino Unido, primeiro país a testar o produto.

O estudo brasileiro, iniciado em junho, está sendo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Procurada, a instituição informou que os testes foram suspensos em todos os centros no mundo, inclusive no Brasil, e afirmou que a pausa segue os padrões de segurança preconizados no protocolo do estudo da vacina de Oxford.

O acordo do governo brasileiro com a AstraZeneca garante acesso a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das quais 30 milhões de doses seriam entregues entre dezembro e janeiro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.

A decisão do laboratório britânico ocorreu no dia em que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que em "janeiro a gente começa a vacinar todo mundo". O governo federal abriu crédito de cerca de R$ 2 bilhões para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) receber, processar, distribuir e passar a fabricar sozinha a vacina.

Apesar de meses de negociação, o governo ainda não tem um contrato com a AstraZeneca, mas apenas um "memorando de entendimento". O Estadão apurou que o Ministério da Saúde planejava assinar o contrato nesta quinta-feira, dia 10. Em nota a pasta informou que foi notificado pela AstraZeneca por e-mail. No texto, o ministério diz que "reforça o compromisso em garantir uma vacina segura e eficaz em quantidade para a população brasileira".

Vacinas em testes

Em seu relatório mais recente, divulgado no último dia 13, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que havia 167 vacinas sendo desenvolvidas para combater o novo coronavírus. Dessas, 29 estavam em avaliação clínica, ou seja, iniciaram os testes em seres humanos.

São cerca de 90 mil voluntários, por enquanto, que vão receber as doses. Seis das vacinas estavam na fase 3, a última antes da conclusão.

Por ser o segundo país com mais infectados no mundo e também ter laboratórios de referência, o Brasil tem sido bastante requisitado para auxiliar no desenvolvimento de algumas dessas vacinas. Quatro das 29 que iniciaram a fase clínica estão sendo testadas aqui: a da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca e a Fiocruz (inglesa), cujos estudos foram suspensos a da Sinovac em parceria com o Instituto Butantã (chinesa), a da BioNTech/Pfizer (alemã/americana) e, mais recentemente, a desenvolvida pela Janssen Pharmaceuticals (belga/americana), do grupo Johnson & Johnson.

Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo são algumas dos Estados que contam com voluntários participando dos testes.

Além destas já em teste, o Brasil também demonstrou interesse pela vacina russa. O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) anunciou no último dia 27 a intenção de testar o imunizante em pelo menos dez mil voluntários. O protocolo para validar a fase 3 dos estudos clínicos deve ser submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Assim como o Paraná, a Bahia pretende iniciar estudos clínicos no Estado. No último dia 12, a Embaixada da Rússia no Brasil disse que está negociando um acordo sobre a vacina com o governo do Estado.