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Audiência pública

Atingidos por crime da Vale em Brumadinho voltam a cobrar participação em acordo de reparação

“Eles nos amordaçam e fazem de conta que não existimos, mas estamos aqui, estamos sofrendo e adoecendo", diz uma das atingidas

04/12/2020 08h59
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Por Itasat

Durante audiência pública virtual, nesta quinta-feira, da comissão externa da Câmara que acompanha a negociação do acordo entre a Vale e o Governo de Minas sobre o crime de Brumadinho, os atingidos pela tragédia demonstraram indignação com o fato de serem tratados como invisíveis nas negociações.

“Eles nos amordaçam e fazem de conta que não existimos, mas estamos aqui, estamos sofrendo e adoecendo. O que sabemos dessa turma? Sabemos apenas o que o governo quer que a gente saiba e o que for de interesse da Vale que a gente saiba. Tem que quebrar essa confidencialidade”, disse a pescadora artesanal Eliana Marques.

Durante a audiência pública, os atingidos reclamaram não apenas da Vale, mas também da forma como o Governo de Minas tem lidado com a construção de um acordo para as vítimas. Nívea Almeida diz que os moradores da região de Curvelo não se sentem representados nestas negociações.

“Esse dinheiro será investido em obras públicas em Belo Horizonte, Divinópolis, Betim. Esse dinheiro do acordo teria que ser colocado em postos de saúde, escolas municipais, em infraestrutura, em reparação de toda a bacia da calha, em reparação às perdas das pessoas que perderam seus entes queridos”, afirmou.

O coordenador da comissão externa, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse, à Itatiaia, que foi uma audiência pública com falas muito fortes dos atingidos. “Eles nos mostraram a cor da água, que ainda é de lama, reclamaram que a Vale tenta fazer intervenção, dividindo o movimento e cooptando pessoas para inviabilizar a unidade deles. Foram falas dizendo que quase nada foi feito ainda, em termos de recuperação do meio ambiente e de ressarcimento às pessoas”, alegou.

“Tiramos encaminhamentos importantes, o primeiro deles é fazer com que chegue ao Tribunal de Justiça esse grito dos atingidos para que não se feche nenhum acordo sem que eles participem e sem que a Vale pague, de fato, pelo que fez e pare de pechinchar. Uma empresa tão bilionária e com lucros tão grandes”, finalizou.