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Salles cobra recursos para a Amazônia: 'Só crítica de graça não adianta, tem que vir recurso'

A política ambiental do Brasil levou países a retirarem parcerias e investimentos

04/12/2020 11h52
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Por Itasat

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cobrou na noite da quinta-feira (3), que as iniciativas de grupos e países sobre a Amazônia não fiquem restritas a críticas e discursos e se revertam em verba. "Essa cooperação tem que ser em termos concretos. A gente até discute, ouve os discursos, mas tem que ter recurso em cima da mesa. O grupo, os países, iniciativas... (tem que) colocar recursos para nos ajudar. Só crítica de graça não adianta. Tem que vir recurso também", afirmou o ministro durante live realizada com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

A política ambiental do governo brasileiro levou Noruega e Alemanha a retirarem, no ano passado, aportes que faziam ao Fundo Amazônia, que tem suspensão discutida em processo que corre no Supremo Tribunal Federal. Há meses, Ricardo Salles anunciou um programa para atrair investimento privado, batizado de "Adote um Parque". Até hoje, o programa não foi oficialmente apresentado e está parado na Casa Civil.

Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que enviará Salles para a Conferência do Clima (COP-26), remarcada para 2021 em razão da pandemia. Além de Salles, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou da transmissão semanal feita pelo presidente via redes sociais.

"Pronto para a COP-26, você representar o Brasil lá no Reino Unido?", perguntou Bolsonaro. "Vamos lá para a COP-26, direto do Reino Unido, defender os interesses do País", respondeu Salles.

Ao avisar que escolheu o chefe da pasta para representar o país na conferência mundial, o presidente demonstrou apoio a Ricardo Salles, que tem sofrido pressão por causa da maneira como lidera as políticas ambientais. O anúncio também elimina expectativas de que a eleição de Joe Biden, nos Estados Unidos, poderia forçar o governo brasileiro a trocar o chefe da área ambiental.

Na transmissão da quinta-feira (3), Jair Bolsonaro reafirmou ter interesse na preservação da Amazônia e que o governo está disposto a cooperar.

Na campanha, o então candidato à Casa Branca ameaçou aplicar sanções econômicas ao Brasil caso o governo brasileiro não tomasse medidas para frear a devastação ambiental.

O desmatamento da Amazônia teve uma alta de 9,5% no último ano e voltou a atingir a maior taxa desde 2008 - o que já tinha ocorrido no ano passado. Entre agosto de 2019 e julho deste ano, a devastação da floresta alcançou 11.088 km², ante os 10.129 km² registrados nos 12 meses anteriores.

A área devastada nesse último ano equivale a 7,2 vezes a da cidade de São Paulo.