Por Itasat
O futuro secretário de Justiça e Segurança Pública de Minas, Rogério Greco, concedeu entrevista exclusiva ao programa Chamada Geral, da Itatiaia, na tarde desta terça-feira (26). Ele falou sobre os principais objetivos à frente da pasta, afirmou que é necessário integrar as inteligências das polícias e defendeu que presos devem trabalhar para pagar as despesas que dão ao Estado.
"Qual o sentido de deixar um contingente carcerário enorme desses e a gente tendo um monte de estrada para asfaltar, um monte de coisa para fazer? Por que não mete uma tornozeleira num camarada desse e bota todo mundo para trabalhar?", questionou Greco, que tomará posse na próxima segunda-feira (1º).
Ele explica que a tese de doutorado que produziu foi sobre o sistema penitenciário e que conheceu muito o da Espanha, onde, segundo o futuro secretário, o índice de reincidência é baixo por não olhar o detento de forma paternalista.
"O preso tem que pagar pelas despesas que está dando para o Estado. E como ele paga? Trabalhando. Na Espanha, o que eles fazem? Eles pegam pedaços de fábrica e colocam dentro do sistema prisional, e é isso que a gente tem que fazer. Não é chegar no sistema, estar um preso lá fazendo um barquinho com palitinho de picolé e todo mundo 'ah, que bonitinho'. Isso é terapia, não é trabalho", afirmou.
Objetivos
Greco citou como algumas das metas o combate à corrupção e às organizações criminosas, como o PCC, e a melhora da estrutura das unidades especiais de polícia. Ele também defendeu que haja uma integração entre os setores de inteligências policiais. "Se a gente trabalha unido, é muito mais fácil do que cada um na sua, cada um com suas apreensõezinhas, vaidade daqui, vaidade de lá...", disse. "A gente vai fazer um trabalho de inteligência fortíssimo para evitar que esse novo cangaço comece a acontecer com muito mais força aqui em Minas", prosseguiu.
Armamento
Rogério Greco defende que as pessoas possam se armar. Entretanto, ressalta que é um posicionamento pessoal e que esse tipo de assunto é de responsabilidade do governo federal, e não dos estados. "Quando as pessoas discutem a coisa do desarmamento ou do armamento, é interessante que parece que o armamento é uma coisa obrigatória", comentou.
"Eu acho que, se você está na sua casa, com sua família, longe de uma viatura policial, e de repente vê um camarada pulando o muro da sua residência, acho que você tem o direito de se defender. E, se você estiver armado, você vai se defender, porque o bandido é covarde, ele procura a situação mais fácil. A partir do momento em que ele ouvir o primeiro 'pipoco', eu quero saber se vai ficar alguém dentro da sua casa", argumentou.
Mudanças na segurança
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), vai exonerar nos próximos dias o secretário de Justiça e Segurança Pública, general Mário Lúcio Alves de Araújo. O governo informou que Greco toma posse na próxima segunda-feira (1), após uma semana de transição com o atual secretário.
Na mesma data, Wagner Pinto de Souza deixará a chefia da Polícia Civil do Estado, a pedido.
Perfil
Rogério Greco, de 57 anos, foi procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais por 30 anos. É professor e publicou diversos livres sobre segurança pública. É pós-doutor pela Universidade de Messina, na Itália, doutor pela Universidade de Burgos, na Espanha, mestre em Ciências Penais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e formado pela National Defense University em combate ao crime organizado transnacional e redes ilícitas nas Américas.