Por Itasat
A primeira morte por covid-19 no Brasil completa um ano nesta sexta-feira e hoje 272.889 pessoas já perderam a vida para a doença conforme boletim do Ministério da Saúde dessa quinta-feira (11). A primeira vítima foi uma paciente de 57 anos, em São Paulo. Ela foi internada no Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, na Zona Leste da cidade, um dia antes de falecer.
Em um ano adotamos hábitos simples que antes não faziam parte do nosso dia a dia, como o uso de máscara e álcool em gel. Cidades decretaram lockdown, escolas fecharam, as pessoas estão em casa e as mortes ainda assustam, com recordes que às vezes marcam mais de mil óbitos em um dia.
Um ano depois desta morte, o infectologista Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, avalia o que aprendemos até aqui e o que podemos esperar para os próximos meses.
“Aprendemos muito, mas obviamente ainda temos muitas perguntas que não foram respondidas. No início parecia que era um vírus que acometia apenas os pulmões e hoje nós sabemos que é um vírus que praticamente acomete todos os órgãos do corpo. Não sabíamos, por exemplo, que o vírus poderia deixar sequelas pós-cura e hoje muitas pessoas que sobreviveram vivem com sequelas graves e limitantes. Além das mortes que temos existem pessoas que ainda sofrem até hoje e muitas delas sofrerão para o resto da vida.”
Em relação às sequelas deixadas pela infecção, o médico diz que cada corpo reage de um jeito e por isso o cenário é tão sombrio. “São sequelas que vão desde coisas mais leves como perda prolongada do olfato ou uma falta de energia no trabalho, que necessariamente vão se restabelecendo durante o tempo, até sequelas gravíssimas do sistema nervoso, dos pulmões, do coração, do fígado, dos rins, que poderão acompanhar essas pessoas para o resto de suas vidas, inclusive trazendo limitações graves na sua qualidade de vida.”
Urbano acredita que a vacina é a única solução para a doença. “A única forma de acabar com a pandemia é a vacina. Todas que estão sendo comercializadas passaram por testes rigorosos de segurança e efetividade. A única coisa que nós não sabemos ainda em relação a essa vacina é aquilo que o dinheiro não compra: o tempo. Qual é o percentual da população vacinada para exercer o chamado efeito rebanho? De quanto em quanto tempo teremos que tomar novas doses? Isso o dinheiro não comprou.”
O infectologista diz que é difícil prever quando a população brasileira estará totalmente vacinada contra a doença. “Acredito que para nós termos aquele potencial de efeito rebanho, onde a maior parte da população está vacinada e protege a outra ainda não vacinada talvez necessitamos de todo esse ano de 2021 e eventualmente o ano de 2022.”