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RR MÍDIA 3
Comer talco

Mulher com 'Síndrome de Pica' come talco há 15 anos

Mãe de cinco filhos, Lisa Anderson sofre de um distúrbio alimentar que provoca o desejo incontrolável de ingerir o produto; entenda o transtorno

07/01/2020 13h38
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A iguaria predileta de Lisa Anderson, de 44 anos, é bastante peculiar: ela come talco. Mãe de cinco filhos, a inglesa chega a ingerir um frasco de 200 gramas por dia do produto.

O vício - diagnosticado como alotriofagia ou Síndrome de Pica - não sai barato. Lisa afirma gastar aproximadamente 8 mil libras esterlinas (cerca de R$ 42 mil) por ano com o item de higiene infantil. As informações são do Daily Mail. 
 
Segundo o jornal britânico, a mulher começou a ingerir talco há 15 anos, após o nascimento do quinto filho. O desejo, que ela descreve como "incontrolável", teria surgido após um banho rotineiro em uma de suas crianças. "Eu me lembro de sentir um cheiro avassalador naquele dia, enquanto secava meu bebê. Havia um pouco de pó em cima da tampa da embalagem. Eu simplesmente senti uma necessidade urgente de lambê-la e aquilo realmente me deu prazer. Foi como satisfazer uma necessidade que eu nunca imaginei que tivesse", contou a britânica ao Daily Mail. 
 
Hoje, ela consome um pouco de pó de talco nas costas das mãos a cada 30 minutos. A compulsão é tão intensa, que faz com que ela acorde várias vezes durante a noite para comer o produto. Quando está fora de casa ou sem acesso ao Johnson’s Baby - única marca que ela diz tolerar - a inglesa mastiga balas de menta extraforte para aplacar sua dependência. "O máximo que já consegui ficar sem comer talco foram dois dias. Foram os piores da minha vida", relata a mulher. 
 
Anderson manteve o vício em segredo por mais de uma década até ter coragem de confessá-lo a seu ex-marido, que, certo dia, perguntou por que ela ia tantas vezes ao banheiro. Encorajada a procurar tratamento, ela descobriu que sofria de um distúrbio alimentar.

Síndrome

A alotriofagia ou Síndrome de Pica é um transtorno caracterizado pela ingestão compulsiva de itens não comestíveis ou sem valor nutricional, como tinta, poeira ou papel. Segundo a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares, a doença é verificada com mais frequência em quadros de autismo, esquizofrenia e Transtorno Obsessivo-Compulsivo. 
 
Especialistas alertam para o fato de que inalar ou comer talco de bebê pode ser especialmente perigoso, sobretudo pelo risco de câncer. Em 2016, a Agência Reuters trouxe à tona uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que revelou a presença de amianto (elemento cancerígeno) no pozinho para bebês. Segundo a reportagem, os executivos da Johnson & Johnson - uma das líderes mundiais da indústria farmacêutica - estava ciente do fato desde 1971. 
 
Em julho de 2018, a justiça do Estado do Missouri, nos Estados Unidos, condenou a Johnson & Johnson a pagar 5 bilhões de dólares a 22 mulheres, que alegam ter desenvolvido tumores nos ovários por conta do uso de talco.