Por Itasat
A mineradora Vale nega o risco de ruptura de uma barragem em Mariana, na região Central de Minas, mas, mesmo assim, a estrutura passará por uma nova vistoria nos próximos dias. A nova análise é um pedido da promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Mariana e da Agência Nacional de Mineração ANM) para confirmar o risco de rompimento.
A barragem está classificada como nível 2 de risco desde setembro do ano passado, em uma escala que vai até 3 e, segundo a Vale, está desativada sem receber minério de ferro desde 1998, mas alguns trabalhadores ainda têm atividades no local. Essas atividades foram completamente interrompidas pela Superintendência Regional do Trabalho após auditores fiscais avaliarem que a situação é de extrema gravidade e que, caso a estrutura se rompa, há risco iminente de morte que diversos trabalhadores ao mesmo tempo. As atividades só podem ser retomadas, segundo o órgão, se a mineradora adotar diversas medidas técnicas.
A superintendência afirmou também que técnicos e engenheiros responsáveis pela barragem relataram que o rejeito lançado em Xingu não era drenado e era lançado de forma errática na estrutura.
Em nota, a Vale nega que exista um risco iminente de ruptura da barragem de Xingu e afirma que não houve alteração nas condições ou nível de segurança da barragem, que é monitorada e inspecionada continuamente por uma equipe técnica especializada, além de estar incluída no plano de descaracterização de barragens da companhia.
Ainda conforme a Vale, a zona de autossalvamento da barragem, que é o local que seria atingido em um eventual rompimento, está totalmente evacuado. A informação foi confirmada pelo prefeito interino de Mariana, Juliano Duarte (Cidadania).
A Vale diz também que, segundo a determinação da Superintendência Regional de Trabalho, suspendeu o acesso dos trabalhadores e a circulação de veículos na zona da inundação da barragem Xingu sendo permitidos apenas acessos imprescindíveis para estabilização da estrutura com rigoroso protocolo de segurança e que está adotando medidas para continuar a garantir a segurança dos trabalhadores e permitir a retomada das atividades.
A Agência Nacional de Mineração afirmou que está acompanhando a interdição que foi feita com base em leis trabalhistas. A Fundação Estadual do Meio Ambiente, vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, afirmou que participou da vistoria com a ANM em setembro passado e que tem acompanhado a situação ambiental da estrutura, tendo aplicado uma medida cautelar que impede a disposição de rejeitos na estrutura por causa da estabilidade ou falta de estabilidade.
Vale lembrar que em novembro de 2015, bem perto de onde fica a barragem de Xingu, se rompeu a barragem de Fundão, da Samarco, o maior desastre socioambiental do Brasil. Dezenove pessoas morreram.
Até agora os reassentamentos para centenas de famílias que tiveram as casas destruídas não ficaram prontos.