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Ordenação

Bento XVI pede ao papa para abandonar ideia de ordenação de homens casados

Iniciativa é muito incomum no Vaticano. Francisco deve tomar uma decisão sobre este tema nas próximas semanas

13/01/2020 12h31
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O papa emérito Bento XVI pediu publicamente a seu sucessor Francisco que desista da ideia de ordenar homens casados como sacerdotes, uma iniciativa muito incomum no Vaticano.
 
Diante da falta de religiosos na Amazônia que facilitem o acesso aos sacramentos, um sínodo sugeriu ordenar sacerdotes homens casados de certa idade (os chamados "viri probati"), de preferência indígenas. Francisco deve tomar uma decisão sobre este tema nas próximas semanas.
Bento XVI, de 92 anos, manifestou sua opinião em um livro escrito com o cardeal ultraconservador Robert Sarah, cujos trechos foram publicados, com exclusividade pelo jornal francês "Le Figaro".
 
"A semelhança das nossas preocupações e a convergência das nossas conclusões nos levaram a pôr o fruto do nosso trabalho e da nossa amizade espiritual à disposição de todos os fiéis, como fez Santo Agostinho. Como ele, podemos afirmar: "Silere non possum! Não posso me calar!", escrevem os dois eclesiásticos.
 
"É urgente, necessário, que todos, bispos, padres e laicos, recuperem um olhar de fé sobre a Igreja e sobre o celibato sacerdotal que protege seu mistério", defenderam.
 
Eles pedem ainda à toda Igreja que "não se deixe impressionar" pelas "declarações ruins, encenações teatrais, mentiras malvadas, erros da moda que querem desvalorizar o celibato sacerdotal".
 
"O estado conjugal diz respeito a todo homem em sua totalidade, mas o serviço do Senhor também exige o dom total do homem. Não parece possível realizar simultaneamente as duas vocações. Portanto, a capacidade de renunciar ao matrimônio para se pôr completamente à disposição do Senhor se tornou um critério para o Ministério sacerdotal", escreve Bento XVI, que deixou o cargo em 2013.
 
Para o cardeal guineano Sarah, "o celibato sacerdotal bem entendido, ainda que às vezes seja um teste, é uma libertação. Permite ao sacerdote se estabelecer com coerência em sua identidade de esposo da Igreja".
 
Primeiro sumo pontífice a renunciar em quase seis séculos, Bento se dedicou inicialmente a uma vida de contemplação e calma. Com o tempo, porém, passou a se expressar cada vez mais abertamente sobre os temas importantes da Igreja católica.