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Mais uma vez

Casos de importunação sexual e injúria racial são registrados no Mineirão

No Dia da Consciência Negra, irmãos foram chamados de 'macaco' e duas mulheres foram vítimas de assédio

21/11/2021 09h50
Por: Redação

Por Itasat

No Dia da Consciência Negra e também do lançamento da campanha do Mineirão e de órgãos de segurança contra a importunação sexual, três casos do tipo foram registrados durante a partida entre Atlético e Juventude. Duas mulheres foram vítimas de assédio e dois irmãos vítimas de injúria racial. Os casos foram registrados na delegacia do estádio e nenhum dos autores foi detido até o momento.

No caso de injúria racial, o autor foi identificado pelas vítimas. Todos eles, autor e vítimas, são moradores de Nova Lima. De acordo com relato dos irmãos Carlos Miguel e Carlos Eduardo Fernandes Lopes de Almeida, de 25 e 22 anos, eles foram chamados de "macaco" por um torcedor, que não foi localizado no estádio, mas foi identificado no boletim de ocorrência. 

Na delegacia do Mineirão, muito revoltados com a situação, eles contaram que já foram vítimas desse tipo de crime também fora do estádio. “É uma coisa que sempre acontece com a gente. Persegue a gente, independentemente de onde a gente esteja, e isso cansa. Eu estou cansado. O autor nunca, nunca, é penalizado. Não é a primeira nem a segunda vez, é difícil pra gente”, desabafou Carlos Eduardo, muito emocionado com toda a situação.

O irmão mais velho, Carlos Miguel, lembrou que o fato ocorreu na data, que deveria gerar reflexão e mudança. “Hoje é dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a gente veio para o jogo assistir o nosso time jogar e fomos vítimas de injúria racial, mais uma vez. Não é só meu irmão que está emocionado, eu já chorei bastante. A gente se prepara, luta, corre atrás, mas no momento que isso aconteceu eu só queria o colo da minha mãe. Ninguém está preparado para isso”.

Com os olhos marejados, ele fez questão de ressaltar que não se trata de um comportamento de toda a torcida do Atlético, mas que é algo que acontece com frequência e precisa mudar. “É revoltante, é triste. É mais triste do que revoltante. Muita gente fala sobre isso, posta, mas não entende o significado que isso tem pra nós. A luta é diária... não tem um dia de paz. Eu não acredito que seja a torcida inteira, mas, infelizmente, a gente ainda tem que conviver com isso em pleno século XXI. É muito triste."

Os irmãos registraram o boletim de ocorrência e o caso agora fica a cargo da Polícia Civil. “Infelizmente somos mais um de vários. Só que a gente nunca vai deixar de lutar. Isso eu te garanto”, ressaltou Carlos Miguel.

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

Além do caso de injúria racial, dois casos de importunação sexual foram registrados também durante a partida entre Atlético e Juventude, nesse sábado, no Mineirão. Durante o jogo foi lançada, inclusive, uma campanha contra o crime, feita pela administradora do estádio e órgãos de segurança.

De acordo com a Polícia Militar, que registrou as ocorrências, uma das vítimas trabalhava vendendo fichas para as lanchonetes quando foi agarrada por um torcedor. A outra vítima denunciou que um torcedor passou a mão nas nádegas delas. Nos dois casos, os autores ainda não foram identificados.