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JULGAMENTO

Novas pessoas serão ouvidas nesta segunda no caso da tragédia na boate Kiss

Trabalhos iniciaram às 9h e três depoentes serão ouvidos ao longo do dia

06/12/2021 10h19Atualizado há 3 anos
Por: Redação

Por Itasat

No quinto dia do julgamento dos quatro réus acusados do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, o primeiro depoimento da manhã do domingo (5), foi o do engenheiro civil Tiago Flores Mutti, de 46 anos. Ele chegou ao julgamento na condição de testemunha de Mauro Hoffmann, mas passou informante por responder a um processo de acusação por falsidade ideológica. 

Mutti foi engenheiro que acompanhou as obras da boate, em 2009.

Durante o depoimento, ele contou que foi à uma festa na boate Kiss no final de 2012 e notou que a boate estava diferente três anos depois. Ela estava mais ampla e o teto um pouco rebaixado.

"Achei a boate muito boa", afirmou Mutti. 

Na ocasião, ele confirmou que não viu a espuma que originou o incêndio. 

Tiago, que chegou a ser um dos sócios proprietários da boate antes de Elissandro e Mauro, foi perguntado se disse em depoimento à Polícia Civil que havia vendido as cotas dele para Elissandro por R$ 50 mil. O trecho do depoimento foi mostrado.

"Se eu disse, não vale. Vale tudo que falei em juízo depois. Isso aí foi uma maneira de proteger a minha irmã", respondeu. 

O segundo depoimento foi o do sobrevivente Delvani Brondani Rosso, que tem 29 anos e teve 50% do corpo queimado. O sobrevivente contou que foi convidado para conhecer Santa Maria, e, à noite, foram à Kiss em um grupo de sete pessoas. 

Segundo Delvani, ele sentiu um 'bafo' logo na entrada, porque a boate estaria muito cheia. O homem ainda disse que demorou para se dar conta do que acontecia até que começou a sentir a fumaça e o 'empurra-empurra', mas achava que conseguiria sair da boate.

"Quando se apagaram as luzes, a situação ficou sem controle", lembrou. 

A testemunha afirmou que o irmão, que havia conseguido sair da boate, voltou para puxar pessoas de dentro da casa noturna. Uma das pessoas retiradas foi o próprio depoente. 

A terceira pessoa dar o seu depoimento foi Doralina Perez, que também sobreviveu à tragédia e trabalhava como segurança da boate Kiss no dia do incêndio. Sobre a noite, a vítima afirmou que lembra pouco, mas sabe que desmaiou e um colega a tirou de dentro da boate. A sobrevivente ficou quase 30 dias internada no hospital, teve problema pulmonar e sofreu queimaduras. 

A expectativa é que o júri dure mais dez dias. Para que se cumpra o prazo, o Ministério Público propôs, na sexta-feira, que cada parte do processo abrisse mão de uma testemunha. Proposta que foi aceita por todas as partes envolvidas no julgamento.

Stenio Rodrigues era testemunha da acusação, mas seria dispensada dentro da proposta do Ministério Público. A defesa de Elissandro Spohr dispensou uma testemunha, para poder contar com o depoimento de Stenio, que era o organizador da festa. 

O advogado Jader Marques classificou a testemunha que seria dispensada como fundamental. 

"Tivemos que abrir mão de alguém com conhecimentos técnicos, que viria pra falar sobre as espumas, que viria falar sobre o laudo 12.268, que tratou dos extintores, das espumas, das portas, da localização da casa. Esse perito daria informações importantes técnicas, mas, como o Stenio é o organizador da festa, ele sabia como funcionava a casa, sabia tudo que aconteceria naquela noite, só não estava lá como vítima, mas sabia tudo disso, tivemos que fazer essa opção", reforçou.

"Um sacrifício de uma testemunha importante pra não deixar o Ministério Público afastar esse que é um dos grandes nomes desse julgamento", concluiu.

Ao final do quinto dia de julgamento, o advogado das vítimas da boate Kiss, Pedro Barcelos Júnior, falou com exclusividade à Rádio Itatiaia que algumas autoridades deveriam estar no banco dos réus. O advogado explicou que eles devem responder depois do julgamento em outro processo separadamente. 

"Por exemplo, o prefeito, o promotor, o bombeiro, ele pode incidir em crime de responsabilidade, mas não é competência do júri. Por isso que não estão no banco dos réus. Enquanto eu estiver à frente da associação junto com o presidente Flávio, vamos buscar a responsabilidade de todo mundo. Quem deve, vai ter que pagar", finalizou.

Nesta segunda-feira (6), os trabalhos iniciaram às 9h da manhã e serão ouvidos Stenio Rodrigues Fernandes, William Renato Machado e Natasha Daron.