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Refúgio no Galo: há 6 meses em BH, pequeno venezuelano vira atleticano graças a Otero

“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”

18/01/2020 10h06Atualizado há 6 anos
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Patrono da casa e soldador industrial, Edwin desembarcou há dois anos em Boa Vista, Roraima. Sozinho, preparou o terreno e, 12 meses depois, pôde receber a esposa Madeleyn, as filhas Melany e Mailyn, e o filho Endrick; o baixinho de sete anos, inclusive, não esconde a alegria de hoje morar no “país do futebol”.

Apaixonado pela bola, ele exibe na parede a primeira medalha em solo tupiniquim, conquistada na escola. Endrick também atua pelo Inconfidência, time do bairro Concórdia, onde reside atualmente. 

Perto do sonho

Fã do compatriota Otero, o pequeno não vê a hora de conhecê-lo pessoalmente e de, quem sabe, entrar em campo com o camisa 88. No domingo, o sonho poderá se tornar realidade, já que ele, pela primeira vez, vai ao estádio torcer pelo Atlético. O alvinegro encara o Tupynambás, pela segunda rodada do Estadual.

Trazida para Minas Gerais por meio do Refúgio 343, projeto que auxilia na “distribuição” dos venezuelanos para diversos lugares do Brasil, a família hoje começa a caminhar com as próprias pernas. Se antes dividia espaço com outras duas, hoje habita sozinhos e paga em dia o aluguel, já que Edwin e Madeleyn conseguiram empregos fixos. A montagem da casa, porém, foi feita com doações de móveis, eletrodomésticos e outros artigos.

Para cuidar das crianças, foi acionada a avó, Leonor. Vinda da Venezuela há dois meses, ela usa o tempo livre para fazer faxinas e ajudar nas despesas. Melany, a neta mais velha, aos 13 anos, também auxilia nos cuidados com Endrick e a caçula Mailyn, de cinco. Fã de Dudamel, ela sonha em ser médica pediátrica e, na escola, já chama a atenção de todos pelo português quase fluente.

“Quando busquei as três famílias no aeroporto, paramos numa loja de brinquedos, e eu disse ao Endrick que ele poderia escolher a bola que quisesse. Curiosamente, ele foi logo na do Galo”, conta o advogado Rafael Rezende, voluntário e embaixador do projeto. “Hoje, existem 13 abrigos em Roraima; são bem organizados, alguns pelo exército, outros por organizações, como a Fraternidade Sem Fronteiras. Como não conseguem acolher todos, muitos vivem na rua. Quando as famílias são interiorizadas (transferidas para outros Estados), uma outra sai da rua e passa a ser abrigada”, conclui o “anjo da guarda” dos Márquez.