Por Itasat
A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro vai ouvir testemunhas para tentar descobrir quem são os assassinos que provocaram a morte de um jovem congolês, de 24 anos, na última terça-feira (25).
A polícia deve ouvir, nesta terça (1), o dono do quiosque da praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde o congolês Moise Kabamgabe trabalhou como atendente. Oito pessoas já prestaram depoimento na delegacia e imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas, mas, até agora, ninguém foi preso.
O congolês Kabamgabe foi espancado até a morte após cobrar do proprietário do quiosque um pagamento que estava atrasado.
Segundo testemunhas, a vítima, no momento em que foi fazer essa cobrança, começou a ser espancada pelo dono do local e por outros cinco homens. As agressões teriam durado cerca de 15 minutos e foram gravadas pelas câmeras de segurança do próprio quiosque.
Testemunhas contaram também que Moise foi agredido com pedaços de madeira e um taco de beisebol, e que ele chegou a tentar fugir pela areia da praia e gritar, na tentativa de conseguir ajuda, mas não teve sucesso. O representante da comunidade congolesa no país, Fernando Papa, fez um desabafo sobre o caso.
“Todo povo brasileiro sensível, que respeita a vida humana, ficou chocado nesse caso. A gente vê no Brasil, se você estiver agredindo um cachorro, até quem está passando do outro lado da rua vai vir pra defender aquele cachorro. Mas um ser humano, não. Aqui no Brasil, se duas pessoas estão brigando, enfiando faca, as pessoas se afastam mais e deixam eles se matarem. Ninguém chega pra acudir e para separar".
Sob protesto, o corpo de Moise foi sepultado nesse domingo (30).
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi traumatismo no tórax, com contusão pulmonar devido à uma ação violenta.
A família da vítima pediu rigor nas investigações, a Embaixada do Congo também pediu uma resposta da polícia sobre o caso e aproveitou para relembrar outros casos de congoleses brutalmente assassinados no país.
Kabamgabe veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos como refugiado político, na tentativa de fugir da guerra e da fome, mas, infelizmente, foi morto no mesmo país que o acolheu.