Por Itasat
Municípios que fazem parte da Bacia do Rio Paraopeba, aquele que foi poluído pela lama da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho, apontam para características incomuns na água, que chegou a inundar algumas dessas cidades em meio as chuvas que atingiram o estado.
De acordo com o prefeito de Felixlândia, Vanderli de Carvalho Barbosa, a água está muito mais avermelhada do que normalmente. “A foz do Rio Paraopeba é no meu município e a gente percebe que depois dessas chuvas, principalmente nos volumes que aconteceram no mês de janeiro, a gente vê que a coloração da água é diferente. Ela está muito mais avermelhada do que normalmente é, então não é só lama. Eu não tenho análise para comprovação da quantidade de metal pesado, mas a gente percebe que ela nunca esteve como ela está agora”, ressalta.
Já o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, é mais incisivo e afirma que a enchente veio junto com resíduo de minério, provocando muitos problemas. “Essa enchente jogou resíduo de minério, uma lama desconhecida até então, uma camada muito espessa que desertificou várias fazendas e destruiu muitas casas. Nós temos aqui pelo menos 150 casas que não se consegue devolver aos munícipes. Tem que construir novas casas, gerar bairro, essas fazendas têm que ser indenizadas. O Rio Paraopeba hoje é um rio tóxico. Temos resíduos que estão sendo analisados, já tem sinais do minério que desceu da barragem do Feijão e está aqui dentro. Antigamente em uma enchente se conseguia lavar aquela lama, aquele resíduo, hoje não, hoje é um minério altamente contaminante e desertificante.”
Vanderli e Medioli participaram de reunião com outros prefeitos de municípios da Bacia do Paraopeba, um encontro realizado na sede da administração municipal de Betim.
Os prefeitos afirmam que o acordo firmado entre o governo e a Vale não está sendo cumprido. “A gente está querendo dar celeridade ao acordo firmado entre o governo do estado e a Vale em fevereiro do ano passado. Esses municípios ainda não receberam nenhum recurso firmado nesse acordo. Tinha uma data prevista dos pacotes de resposta rápida que seria em maio do ano passado, inclusive de maquinário, para que os municípios pudessem melhorar a questão de estradas. Principalmente agora depois dessa chuva isso agravou bastante. Caso a gente já tivesse esse maquinário poderia minimizar os impactos”, diz Vanderli.
Após ouvir o prefeito de Betim, a Itatiaia voltou a procurar a Vale, que ainda não respondeu esta última declaração de Vittorio Medioli.
Na primeira nota, a mineradora diz que desde o dia 8 de janeiro, atendeu a diversas solicitações dos prefeitos da Bacia do Paraopeba, em caráter emergencial, voluntário e humanitário. A Vale alega que forneceu veículos e equipamentos como caminhão, caminhão pipa e retroescavadeira para auxiliar as comunidades afetadas. Mas não falou nada sobre este possível excesso de minério no rio.