Por Itasat
Cerca de três semanas após o forte temporal que devastou Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, moradores e comerciantes ainda tentam retomar à rotina na cidade. Deslizamentos de terra e enxurradas em 15 de fevereiro provocaram a morte de mais de 230 pessoas
Atualmente, mais de mil pessoas que tiveram suas casas derrubadas ou interditadas pela Defesa Civil permanecem em abrigos disponibilizados pelo município, sem definição de moradia.
Segundo a Prefeitura de Petrópolis, as famílias desabrigadas foram cadastradas e recebem aluguel social de R$ 1 mil. Mas, na prática, os moradores alegam dificuldades para conseguir um novo lar. Isso porque donos de imóveis evitam alugar casas a beneficiários por temerem que a prefeitura não repasse o valor.
Além disso, em muitos casos, proprietários pedem um fiador ou cheque de três meses de aluguel antecipado, condições quase impossíveis para quem perdeu tudo.
A costureira Michelle Severino, de 40 anos, teve a casa interditada pela Defesa Civil em 16 de fevereiro por risco de deslizamento de uma pedra. Desde então, ela mora, junto aos três filhos e um neto, em um abrigo. "Duas semanas procurando casas. Quando falamos que é aluguel social, não querem dar crédito à Prefeitura de Petrópolis", afirma.
Morador do Alto da Serra, uma das regiões mais atingidas pelo forte temporal, Alessandro, de 42 anos, também teve que ir para um abrigo e conseguiu alugar uma casa no último sábado (5), graças a uma ajuda do patrão, que aceitou ser fiador.
"Resumindo a história: se eu dependesse da prefeitura, estaria no abrigo ainda e não teria nada resolvido. A sensação de impotência", afirmou Alessandro, que perdeu um filho, um irmão e um amigo na tragédia, após a estamparia em que eles trabalhavam ser derrubada pelo temporal.
A prefeitura de Petrópolis disse que tem um grupo de trabalho atuando na busca de imóveis para os desabrigados e que foi criado um banco de dados para os proprietários cadastrarem seus imóveis para as vítimas da chuva.
Comércio
Enquanto os moradores em busca de um novo lar, comerciantes tentam aos poucos retomar as atividades e contabilizar os prejuízos. Na rua Teresa, maior polo de moda da região, onde 300 estabelecimentos foram afetados pelo temporal, algumas lojas começaram a reabrir no último fim de semana, com movimento bem mais modesto.
Dona de uma academia, a empresária Helena de Souza não pôde reabrir o estabelecimento, pois ele foi engolido pela lama, matando uma de suas funcionárias. Ela revela ter tido prejuízo de mais de R$ 1 milhão com a perda de equipamentos.
"Todo ano nós investimos em algo. Aparelhos novos. Estávamos em obras para recepção nova, algumas novidades. É recomeçar mesmo", lamenta.
Segundo o estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio, 65% das empresas de Petrópolis foram afetadas pelo temporal. O prejuízo no comércio foi de R$ 665 milhões.
Para ajudar moradores e empreendedores, o governo do estado abriu uma linha de crédito que será usada na recomposição de capital de giro de micro, pequenas e médias empresas das áreas atingidas pela chuva em Petrópolis. A medida, segundo o governo, faz parte do programa reconstruir Petrópolis, que vai destinar R$ 200 milhões de reais para os negócios atingidos pela tragédia no município do Rio de Janeiro.