Por Itasat
Rússia e Ucrânia mantiveram nessa segunda-feira (14), um frágil caminho diplomático aberto, apesar da falta de avanços na quarta rodada de negociações entre os dois países. Diante do impasse, os russos iniciaram um bombardeio a áreas civis de Kiev e admitiram pela primeira vez, a possibilidade de ocupar as cidades ucranianas.
"O Ministério da Defesa, para garantir a máxima segurança da população civil, não descarta a possibilidade de tomar o controle total das principais cidades que já estão cercadas", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, contrariando declarações anteriores de que o país não tinha interesse em permanecer no território vizinho.
Nessa segunda-feira (14), as últimas negociações, realizadas por videoconferência, terminaram novamente sem avanço. Mikhailo Podoliak, um dos conselheiros do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, afirmou que o diálogo teve uma "pausa técnica", mas uma nova reunião será realizada nesta terça-feira (15).
Autoridades ucranianas querem uma trégua imediata e a retirada das tropas russas. As últimas discussões, no entanto, acabaram se concentrando em questões humanitárias para abastecer vilas e cidades sitiadas pela Rússia. Ontem, um comboio de 160 carros civis deixou a cidade de Mariupol, em raro momento de esperança após uma semana e meia de um cerco que deixou moradores desesperados por comida, água e remédios.
Bombardeios
Se algumas pessoas conseguiram sair, porém, o governo ucraniano afirmou que um comboio humanitário não conseguiu entrar em Mariupol. O carregamento de suprimentos permanece parado a 60 quilômetros da cidade.
Mostrando como a situação pode se deteriorar rapidamente nas cidades, de acordo com autoridades ucranianas, duas pessoas morreram em um ataque contra a fábrica de aviões Antonov - a maior da Ucrânia - e um edifício residencial ao norte de Kiev. Desde que a invasão começou, em 24 de fevereiro, segundo o governo da Ucrânia, 90 crianças morreram e mais de 100 ficaram feridas
A CNN, citando um alto funcionário do Pentágono, informou ontem que as forças russas permaneceram estagnadas na Ucrânia. As tropas que se deslocam para Kiev não progrediram no fim de semana e quase todas as grandes cidades do país ainda são controladas pelos ucranianos, segundo os militares americanos.
Pela primeira vez, um dos aliados do presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que a operação militar na Ucrânia está mais lenta do que o esperado. De acordo com o chefe da guarda nacional russa, Viktor Zolotov, o motivo é o fato de forças de extrema direita da Ucrânia estarem se escondendo atrás de civis.
A Rússia continuou ontem os ataques contra cidades ucranianas, um dia depois destruir a base de Yavoriv, a 25 quilômetros da fronteira com a Polônia, levando a guerra perigosamente perto de um país-membro da Otan - 35 pessoas morreram.
O local era usado como centro de treinamento de soldados estrangeiros. No sábado, Putin havia declarado que comboios de armas ou mercenários a serviço da Ucrânia seriam alvos legítimos da Rússia. Mas, segundo os EUA, o ataque à base não afetou a distribuição de equipamento militar para a Ucrânia.
Tribunais
Além do impasse diplomático, da falta de avanço militar e das sanções econômicas, a situação russa pode se complicar também nos tribunais internacionais. Ontem, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) anunciou que analisará amanhã um parecer para o caso apresentado pelo governo ucraniano, de que a Rússia utilizou falsas acusações de genocídio contra a Ucrânia para justificar a invasão. O caso é diferente da investigação de crimes de guerra na Ucrânia aberta pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que julga indivíduos - diferentemente da CIJ, que julga Estados.