Por Itasat
O material vendido por dois homens, de 34 e 41 anos, como se fosse Urânio em Guarulhos, na Grande São Paulo, era na verdade uma rocha comum. Os suspeitos, que afirmaram que o material seria comercializado com mediação do Primeiro Comando da Capital (PCC), venderiam o produto por US$ 90 mil o quilo, ou seja, cerca de R$ 422 mil. Os dados da análise foram divulgados nessa quarta-feira (13) pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), que destacou que o material “não indica presença de Urânio e não oferece qualquer ameaça à saúde”.
Conforme Demerval Leônidas Rodrigues, coordenador de Segurança Nuclear, Radiológica e Física do Ipen, "o material descrito não apresenta qualquer traço de produtos de decaimento de urânio nem de quaisquer outros materiais radioativos naturais ou artificiais em níveis superiores a 70 kBq/kg".
Além disso, o laudo de “Análise Química Semiquantitativa” apontou que a rocha possui “compostos de silício, alumínio, potássio, cálcio e ferro, comuns em rochas e solos”.
Relembre
Dois homens foram detidos suspeitos de vender Urânio, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na última sexta-feira (8). O material, que é radioativo, seria vendido com mediação do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A polícia chegou até a dupla após um homem, que disse trabalhar com metais e minerais, informar que foi procurado para comprar o material radioativo ilegalmente. Segundo ele, durante uma conversa em um aplicativo de mensagens, notou que o material seria Urânio.
Na ocasião, a dupla disse que venderia o material “utilizado para dispositivos bélicos” por US$ 90 mil o quilo, ou seja, cerca de R$ 422 mil. Durante a conversa, eles disseram que tinham um quilo do produto como amostra e duas toneladas em estoque.
Com isso, dois policiais seguiram para o endereço informado no bairro Vila Barros e localizaram os suspeitos. Inicialmente, eles conversaram com um homem de 34 anos, que é natural do Acre. Sem informar que eram investigadores, eles entraram no imóvel e pediram para ver a suposta amostra de Urânio.
Dentro do imóvel havia um homem, de 41 anos, que operava pedras “que realmente tinham aparência idêntica ao metal Urânio em estado bruto”. No local, um documento que apontava que o material era legítimo foi apreendido. Os suspeitos também foram detidos.
Em depoimento, o suspeito, de 41 anos, disse que trouxe o material do Acre e que iria receber R$ 10 mil. O outro homem, de 34 anos, contou que o PCC financiou sua viagem de Rondônia até o estado paulista para vender o produto.
Os dois foram detidos por “processar, fornecer ou usar material nuclear” sem autorização. No entanto, o produto foi analisado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), que não encontrou nenhum resquício de Urânio no material.