Por Itasat
Será julgado nesta segunda-feira (18/4), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, o médico Álvaro Ianhez, um dos acusados pela morte e retirada ilegal de órgãos de Paulo Veronesi Pavesi, em abril de 2000. À época com 10 anos, ele caiu de uma altura de dez metros, e teve o exame que indicou a morte encefálica forjado para a remoção dos órgãos. O caso aconteceu em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas de Gerais (TJMG), as testemunhas e o réu serão ouvidos virtualmente. O réu está em São Paulo. Há testemunhas de defesa em Poços de Caldas, Campinas, Porto Alegre e Cruzília. A testemunha de acusação, que é o pai da vítima, está em Londres.
O julgamento deveria ter acontecido em outubro do ano passado, mas foi adiado depois que o réu dispensou os oito advogados que atuavam na defesa. Desta vez, estarão na audiência um defensor público e um outro advogado. Ianhez teve também um pedido de habeas corpus negado no dia 1º de abril.
Em janeiro deste ano, outros dois médicos, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão. Já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri. Outros três profissionais chegaram a ser condenados em 2014, mas a sentença foi anulada dois anos depois.
Entenda o caso
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado, Álvaro Ianhez, após contato do acusado José Luiz Gomes da Silva, passou a auxiliá-lo nos procedimentos em relação à vítima, o que é proibido por lei. Durante as 24 horas em que ficou no hospital até a declaração da morte cerebral, o menino recebeu medicamentos diversos, foi submetido a longa anestesia geral e recebeu doses excessivas de Dormonid, um forte sedativo.
A denúncia aponta ainda que o garoto não recebeu atendimento por toda a noite do dia 20 e manhã do dia 21 de abril de 2000, quando apresentou grave hipotensão sistólica. Os médicos acusados sabiam que ele era um potencial doador de órgãos, e trataram do assunto antes da morte ser confirmada.
Álvaro Ianhez também participou de todos procedimentos de constatação de morte encefálica, e ministrou medicamentos para a manutenção dos rins da vítima para transplante. O garoto ainda estaria vivo no momento em que os órgãos foram retirados, e segundo o exame de corpo de delito, os exames que comprovariam a morte causaram lesões que agravaram o estado de saúde dele.
Todos os acusados negam as irregularidades apresentadas na investigação.