Por Itasat
O Ministério da Saúde monitora sete casos no Brasil de uma hepatite de causa desconhecida em crianças. São quatro pacientes no Rio de Janeiro e três no Paraná. A doença tem atingido menores de 16 anos no mundo e foi identificada inicialmente no Reino Unido, onde uma pessoa morreu. Outros três óbitos foram registrados na Indonésia.
A hepatite misteriosa, como vem sendo chamada, afeta o fígado e pode levar até a necessidade de um transplante. A Organização Mundial da Saúde alerta que o tema é muito urgente e diz que todos os esforços estão concentrados para descobrir o que vem causando essa doença. Até o momento, a suspeita da OMS é que a doença seja causada por um adenovírus e descarta relação com a vacina contra a Covid-19.
O professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Rodrigues, diz que o momento requer atenção do Brasil, mas sem pânico.
“Existem cinco vírus principais, hepatite A, B, C, D e E. Todos eles foram descartados e, aparentemente, um vírus chamado adenovírus 41 foi identificado em algumas crianças. E hoje a hipótese maior é que seria esse vírus o causador, mas ainda precisam ser feitos mais estudos para comprovar”, diz o microbiologista, destacando que o quadro clínico é bem incomum para crianças.
“Pelo que se tem relatado, são quadros clássicos de hepatite, que é a inflamação do intestino. Então, normalmente, as crianças estão relatando dor abdominal, diarreia e vômito. Não foi relatado febre e em alguns casos icterícia, que é quando a pessoa começa a apresentar a coloração mais amarelada da pele”, completou o professor.
O microbiologista vê com preocupação o fato de algumas crianças afetadas pela doença terem precisado de transplante de fígado. “É uma doença que, aparentemente, é grave, mas não dá pra gente saber a extensão disso, porque são poucos casos".
O professor comenta também o fato de a infecção misteriosa ter atingido, até agora, apenas crianças e adolescentes. “Existem, sim, algumas infecções que são mais prevalentes em crianças. Isso, normalmente, se explica pelo sistema imunológico das crianças serem menos robustos do que de pessoas adultas. Então, em geral, pessoas adultas saudáveis têm o sistema imunológico mais bem formado, mais maduro, o que faz com que elas sejam mais resistentes a algumas infecções”, concluiu.