Com Itasat
O fazendeiro Antério Mânica senta no banco dos réus nesta terça-feira (24), em mais um julgamento da Chacina de Unaí, crime que marcou história em Minas por envolver poderosos e auditores do trabalho.
Mânica, que está em liberdade e ex-prefeito de Unaí, já foi condenado a 100 anos de prisão como um dos mandantes de quatro homicídios 2004 na cidade de Unaí, no Noroeste de Minas. A pena foi anulada em 2018 e Antério será julgado novamente pela Justiça Federal, na região Centro-Sul de m Belo Horizonte.
Foram assassinados os auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira.
A reportagem da Itatiaia acompanha o julgamento, que começou nesta manhã com a escolha das sete pessoas que vão compor o chamado conselho de sentença, formado pelos jurados.
Ao chegar para o julgamento, Roberto Tardelli, advogado assistente de acusação, disse que os auditores morreram por não terem aceitado se corromper.
“Esses fiscais, e é preciso que os nossos ouvintes saibam disso, só morreram porque foram extremamente honestos. Só morreram porque não se permitiram corromper. Só morreram porque não aceitaram curva-se ao poder econômico”, disse.
Além da escolha dos jurados, nesse momento inicial do julgamento é normal que defesa tente postergar o caso. Assim, muitos ajustes são feitos entre a defesa, a acusação e a juíza do caso. Por isso, não há certeza se o julgamento vai, de fato, acontecer.
Quem é Antério Mânica?
Um dos maiores produtores de feijão do Brasil, Antério Mânica era alvo frequente de fiscalizações trabalhistas, a maioria delas realizada pelo auditor fiscal do trabalho Nelson José da Silva, lotado na gerência Regional do Trabalho de Paracatu (MG). Antério foi a julgamento em Belo Horizonte em novembro de 2015 e foi condenado, como mandante do crime, a 100 anos de reclusão. Recorreu da sentença em liberdade.
Em novembro de 2018, a 4ª Turma do TRF1 decidiu, no julgamento dos recursos, por dois votos a um, que Antério deveria ser julgado novamente pelo Tribunal do Júri, anulando a decisão de 2015.
Os desembargadores Neviton Guedes e Olindo Menezes não seguiram o voto do relator, o desembargador Cândido Ribeiro, que manteve a sentença condenatória do réu. Os votos contrários alegaram a insuficiência de provas da participação de Antério no crime. O irmão, Norberto, também confessou ser o único mandante da Chacina de Unaí.