Com Itasat
Está marcado para às 9 horas, da manhã desta sexta-feira (27), o início do último dia do julgamento de Antério Mânica, acusado de ser o mandante da chacina de Unaí, onde três auditores fiscais e um motorista foram assassinados, em janeiro de 2004.
Ontem, durante todo o dia, foram exibidos vídeos, fotos, áudios e documentos tanto pela defesa, quanto pela acusação. A defesa indicou que o mentor do crime seria o irmão de Antério, Norberto, já que a acusação indicou o próprio réu como responsável.
Logo depois, foi feito o interrogatório de Antério Mânica. Antes de começar, a defesa disse que o seu cliente optaria pelo silêncio quando fosse questionado pelo Ministério Público e pela assistência de acusação. Entretanto, isso nem chegou a acontecer: as perguntas foram feitas pela juíza titular, pelos jurados e pela própria defesa.
Antério negou a participação e indicou o irmão Norberto como responsável intelectual pela chacina.
Marcelo Leonardo, advogado do produtor rural, reiterou a versão do acusado. “A exibição dos vídeos que foi feita a pedido da defesa serviu para deixar claro que quem participou da chacina de Unaí, como mandante, foi Norberto. Antério é apenas irmão dele e não teve nenhuma participação nos lamentáveis atos praticados”, disse.
Para o advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação, o silêncio parcial do réu não compromete efetivamente o trabalho do Ministério Público. “Porque o interrogatório não é o momento que ele vai contar os fatos. É uma peça de defesa”, explicou.
A próxima etapa é a de debates entre acusação e defesa, um processo que pode durar até três horas. Depois, ocorrerá a reunião do conselho de sentença e, na sequência, o veredito.
Antério Mânica
Um dos maiores produtores de feijão do Brasil, Antério Mânica era alvo frequente de fiscalizações trabalhistas, a maioria delas realizada pelo auditor fiscal do trabalho Nelson José da Silva, lotado na gerência Regional do Trabalho de Paracatu (MG).
Em novembro de 2018, a 4ª Turma do TRF1 decidiu, no julgamento dos recursos, por dois votos a um, que Antério deveria ser julgado novamente pelo Tribunal do Júri, anulando a decisão de 2015.
Os desembargadores Neviton Guedes e Olindo Menezes não seguiram o voto do relator, o desembargador Cândido Ribeiro, que manteve a sentença condenatória do réu. Os votos contrários alegaram a insuficiência de provas da participação de Antério no crime. O irmão, Norberto, também confessou ser o único mandante da Chacina de Unaí.