Com Itasat
Imagine saber que está com covid-19 dois dias antes de os sintomas aparecerem? Um estudo publicado na revista científica BMJ Open aponta que a pulseira inteligente Ava pode detectar os primeiros indícios fisiológicos da doença com essa antecedência.
Para analisar os dados de usuários relativamente à covid-19, cientistas da Alemanha, da Holanda, do Canadá e da Suíça se uniram em um consórcio internacional. Não houve mudanças no hardware do dispositivo, mas uma funcionalidade foi desenvolvida especificamente para o estudo — os participantes não recebiam mensagens ou interpretações relativas aos dados registrados por ela.
Foram avaliadas 1,5 milhão de horas de dados fisiológicos obtidos de 1.163 pacientes. Entre os 127 participantes que tiveram a infecção confirmada no período analisado, 52% (66 indivíduos) usaram o dispositivo do início do estudo até o aparecimento dos sintomas. O algoritmo de rede neural desenvolvido pelos pesquisadores identificou 68% dos contaminados dois dias antes dos sintomas.
Disponível comercialmente por US$ 279 (cerca de R$ 1,5 mil), a Ava foi criada para rastrear o período fértil de mulheres em tempo real. Para isso, tem três sensores que medem frequência respiratória, frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca, temperatura da pele do punho e perfusão da pele (passagem de líquido pelo sistema circulatório ou linfático).
Os dados que permitiram a identificação da infecção foram as frequências cardíaca e respiratória: foi constatada uma respiração a mais por minuto durante a noite e aceleração cardíaca de 0,87 batida por minuto. Além disso, houve aumento da temperatura do pulso em 0,18°C.
Usado apenas durante o sono, o dispositivo coleta dados a cada dez segundos e requer pelo menos quatro horas de sono relativamente ininterrupto. Os participantes do estudo sincronizaram as pulseiras com um aplicativo para celular ao acordar para transferir os dados do dispositivo para o sistema da Ava.
A Ava é o primeiro aparelho vestível dedicado à medição da fertilidade com autorização da Administração de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration – FDA) dos EUA — órgão equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente, está em teste na Holanda com 20 mil participantes. Ainda neste ano, devem ser divulgados os resultados da eficácia do acessório como estratégia de saúde pública no combate à pandemia.