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Segundo dia

Caso Lorenza: promotor André de Pinho será interrogado após testemunhas

No primeiro da audiência de instrução, nessa segunda-feira (8), foram ouvidas sete das 37 pessoas testemunhas

09/08/2022 08h17
Por: Redação

Com Itasat

O promotor André de Pinho, acusado de matar a esposa Lorenza de Pinho, será interrogado somente após as testemunhas. O julgamento do caso será retomado na manhã desta terça-feira (9), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte.

No primeiro da audiência de instrução, nessa segunda-feira (8), foram ouvidas sete das 37 pessoas testemunhas. Como algumas foram dispensadas, a previsão é de que 14 pessoas sejam ouvidas nesta terça-feira (9).

André de Pinho foi denunciado por homicídio, qualificado como feminicídio, e com os agravantes de motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima. André de Pinho, de 52 anos, está preso desde o dia 4 de abril do ano passado.

Primeiro dia

O primeiro dia de julgamento começou com a oitiva de testemunhas ligadas ao processo. Sete pessoas foram ouvidas – as duas primeiras: o pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, e a irmã gêmea dela, Amanda Tito. “O André não destruiu só a vida da minha irmã. Ele destruiu a minha, a do meu pai e a dos meus sobrinhos”, declarou Amanda.

Ainda antes de começar a ser ouvida, a irmã de Lorenza pediu que o promotor fosse retirado da sessão. Ela declarou ter medo de André, que já teria ameaçado grampear o telefone dela. Para os desembargadores que compõem o julgamento, Amanda e Marco Aurélio confirmaram que não tinham contato com Lorenza desde 2012 em função de ameaças feitas pelo promotor.

Outras testemunhas

Após escutar pai e irmã, desembargadores coletaram os relatos de uma investigadora da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), da delegada Letícia Gamboge (à frente do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP) e da ex-mulher do pai de Lorenza.

A sexta testemunha foi uma técnica de enfermagem do Hospital Mater Dei, à região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mulher participou do socorro a Lorenza de Pinho. No depoimento, a profissional detalhou que Lorenza era diagnosticada com depressão e era constantemente atendida na unidade de saúde. Ela disse ainda que circulavam suspeitas no hospital de que Lorenza tinha vício em opioides – medicamentos à base de morfina.

O primeiro dia de julgamento terminou com a oitiva de uma médica também do hospital particular. Ela, assim como a irmã de Lorenza, também solicitou a saída de André de Pinho da sessão. Aos desembargadores, ela declarou que o promotor tinha um ‘comportamento intimidador’ e chegava a colocar uma arma de fogo sobre as mesas dos médicos durante os atendimentos da mulher na unidade de saúde.

Foro privilegiado

A lei prevê que André de Pinho, como promotor afastado, possui foro privilegiado e, portanto, não irá a júri popular. Ele será julgado em segunda instância por um corpo de 25 desembargadores. As testemunhas serão ouvidas nesta primeira etapa – são 28 pessoas listadas para falar – e tanto defesa quanto acusação poderão pedir diligências adicionais. Após a conclusão dos procedimentos, o desembargador relator do processo Wanderley Paiva será o primeiro a proferir o voto, pela condenação ou não, seguido pelos outros desembargadores que compõem o grupo.

Saída do tribunal e primeiras impressões

Na saída do tribunal, o pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, conversou com a reportagem e se manteve confiante na condenação do réu.

"O coração da gente está machucado, cada hora mais. Estou aqui há mais de 12 horas, e fico mais 40 se houver necessidade. O importante é que eu saia daqui com a certeza que o senhor André de Pinho vai ficar preso, com prisão máxima", reforçou.

O idoso ainda descreveu o sentimento por estar próximo do homem acusado de matar a filha dele, e foi enfático com um recado direto a André.

"[O André] Estava como um verdadeiro pavão, achando que era o dono do mundo, como costuma achar. Ele manda, ele é promotor. Ele manda prender e manda soltar, isso já cansou de falar para mim. Mas não, senhor André, o senhor vai parar é na cadeia", concluiu.

Para o promotor de Justiça, André Ubaldino, houve avanço na "produção da prova", e a expectativa é que o julgamento seja encerrado em breve. Ele acredita ainda que todas as testemunhas serão ouvidas até quarta-feira (10).