Com a chegada da estação chuvosa, é necessário redobrar as ações de cuidados para evitar a proliferação do mosquito transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya, oAedes aegypti. A combinação entre o maior volume de chuvas e as altas temperaturas, trazem as condições ambientais favoráveis para que a população do inseto aumente, iniciando, consequentemente, um ciclo de transmissão dessas doenças.
Com o objetivo de reduzir os riscos de ocorrência de casos e preparar as equipes que atuam no combate ao Aedes, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) já iniciou uma série de ações, como capacitação dos profissionais, alinhamento de estratégias nos territórios e sensibilização da população quanto aos cuidados necessários para o combate ao vetor.
A coordenadora estadual de Vigilância das Arboviroses da SES-MG, Danielle Capistrano, ressalta que esse é o momento preparatório para enfrentamento das arboviroses, já pensando também no próximo ano.
“Investimos na qualificação de supervisores de campo, no trabalho de campo dos Agentes de Controle de Endemias, qualificando e orientando quanto ao serviço que precisa ser realizado junto à população. Também temos investido no fomento da política pública, para custeio e investimentos, de forma que os municípios possam contar, por exemplo, com Equipamentos de Proteção Individual, uniformes, treinamentos, material para articulação ordenada do trabalho pelas equipes, entre outros”, destaca Capistrano.
Além disso, o Estado tem acompanhado as ações dos Comitês Municipais de Enfrentamento das Arboviroses, um grupo integrado por diversos profissionais de várias áreas da saúde, entre vigilância, atenção primária, controle vetorial, para discutir os cenários possíveis e analisar o que está ocorrendo em nível local. “As ações do comitê são pautadas nos Planos Municipais de Contingência, que dá um diagnóstico da situação do município, se os casos estão aumentando ou diminuindo, os tipos de vírus que estão circulando”, explica a coordenadora.
Cenário atual
O ano de 2022 não apresentou as características de um ano epidêmico das arboviroses em Minas Gerais. Segundo Danielle Capistrano, o que constata uma epidemia é o número de casos mais elevado em municípios de maior porte.
“A situação desse ano demonstrou que houve uma concentração de casos em municípios menores. É o que chamamos de número aglomerado de casos de arboviroses, geralmente a dengue, mas também chikungunya, o que gera uma importância em termos de vigilância e acompanhamento. Tivemos situações em que foi necessário acompanhamento com a Força Estadual, ações de bloqueio e de mobilização social. Por outro lado, outros municípios viveram uma situação mais tranquila, o que não quer dizer que o próximo ano terá o mesmo padrão”, analisa.
Até 22/11, Minas Gerais registrou 66.601 casos confirmados de dengue e 63 óbitos. Há ainda 18 óbitos m investigação.
A SES-MG esclarece que os óbitos são contabilizados a partir dos municípios de notificação. Dos 63 óbitos confirmados para dengue, três, embora sejam residentes de Minas Gerais, foram notificados em outros estados. Por essa razão, a tabela com detalhamento por cidade contabiliza 60 óbitos.
Em relação à febre Chikungunya, foram registrados 7.434 casos prováveis da doença, dos quais 5.405 foram confirmados. Até então, não há nenhum óbito confirmado por Chikungunya em Minas Gerais, e quatro seguem em investigação.
Quanto ao vírus Zika, foram confirmados 12 casos da doença. Não há óbitos por Zika em Minas Gerais, até o momento.
Combate ao vetor
O Aedes deposita seus ovos nas paredes de recipientes. Quando eles se enchem de água, os ovos eclodem e geram as larvas, que se transformam em pupas e depois mosquitos. A população precisa, então, verificar o seu domicílio, eliminando os possíveis focos e interrompendo a transmissão dessas doenças.
Alguns locais merecem atenção redobrada, pois são denominados macrocriadores, uma vez que constituem grandes reservatórios que podem ser fonte de procriação em larga escala do Aedes. Por exemplo, piscinas não tratadas, geralmente sem utilização; caixas d’água destampadas; reservatórios no nível do solo, em que as pessoas acumulam águas das chuvas para molhar plantas, lavar quintal. Locais que têm dificuldade de acesso à água encanada também requerem atenção, uma vez que as pessoas costumam reservar água para consumo.
“Esses pontos precisam ser cobertos, de preferência com telas em espessura que impeça o contato do mosquito com a água”, afirma a coordenadora.
Também é importante atenção em relação ao lixo domiciliar.
“O ideal é que ele seja bem embalado e colocado na rua para coleta somente nos dias programados, preferencialmente no horário em que é feito o recolhimento, para que esse saco não rasgue, deixando resíduos que possam acumular água. As calhas devem estar limpas, garrafas viradas para baixo, entre outros cuidados”, reforça Capistrano.
A SES-MG lançou na última segunda-feira (21/11) a “Campanha Tchau, Dengue, Tchau”, que reforça junto à população os cuidados necessários para evitar a proliferação do vetor.