Uma auditoria independente alterou as demonstrações contábeis do Cruzeiro de 2018, primeiro ano de mandado de Wagner Pires de Sá. O novo balanço aponta déficit de R$ 73,8 milhões – quase três vezes mais do que o valor inicialmente apresentado em abril do ano passado, de R$ 27,2 milhões. O documento será votado pelo Conselho Deliberativo na próxima quinta-feira (6).
A dívida total do clube era de R$ 534 milhões em 2018, contra R$ 385 milhões em 2017, aumento de 38,7%. O primeiro balanço de 2018 apontava R$ 520 milhões. “Esse endividamento se deu por buscar recursos em instituições financeiras e terceiros por meio de empréstimos e financiamentos”, diz o documento.
O balanço recomenda que sejam feitas duas alterações no estatuto do Cruzeiro. Primeiro: “Criar obrigatoriedade de elaboração e apresentação em assembleia extraordinária do orçamento para o ano subsequente e definir data para votação”. Segundo: “Responsabilização da diretoria executiva”.
Antecipação de cotas
Conforme o novo balanço, em 2018 o Cruzeiro antecipou R$ 47,5 milhões das cotas dos campeonatos brasileiros de 2019 a 2022. No ano, foram R$ 97 milhões em empréstimos. Também aparecem credores os bancos BMG, do Brasil, Santander e Mercantil.
Profut
O documento mostra que o Cruzeiro não comprimiu em 2018 a exigência da lei do Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), que estabelece déficit máximo de 10% do total da receita bruta, que foi R$ 342,3 milhões no ano. O déficit apresentado foi de R$ 73,8 milhões, 115,59% superior à exigência legal.
Em 2019, o clube não cumpriu o pagamento das parcelas do programa. Com isso, a Receita Federal excluiu o clube do parcelamento, e os débitos foram encaminhados à Dívida Ativa da União. O Cruzeiro está sujeito à avaliação da Autoridade Pública de Governança Federal (Apfut) quanto à permanência no Profut.
Venda de Arrascaeta
A quantia de R$ 44,3 milhões, referente à venda do meia-atacante Arrascaeta para o Flamengo, foi tirada do balanço de 2018 e será colocada em 2019, ano em que, de fato, a transferência foi sacramentada. Membros do Conselho Fiscal do Cruzeiro já haviam feito ressalva sobre “manobra” no balanço analisado em abril do ano passado.
Ingressos distribuídos
O balanço ainda recomenda a “verificação de todos os ingressos distribuídos para jogos do Cruzeiro em 2018, bem como todos os eventos realizados no ano”.