O ex-presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, provocou mais uma polêmica em um vídeo vazado nas redes sociais. Durante uma conversa com um motorista dentro de um carro, o ex-dirigente da Raposa, que não sabia que estava sendo filmado, afirmou que o zagueiro Dedé “ganhou mais de R$ 50 milhões sem jogar”, ao falar dos altos salários dos jogadores no Brasil e do período em que o defensor ficou afastado por conta de cirurgias nos dois joelhos. Além disso, Wagner condenou a parte física do atleta afirmando que ele está “todo fodido” e não pode ser vendido porque não passa em exame médico.
O assunto começou após o ex-mandatário celeste criticar os altos salários pagos a jogadores de futebol no Brasil. “Como é que no futebol brasileiro, um país nosso, todo fodido, sem emprego, ganham um negócio desse. Isso é que o pessoal não nota”, iniciou.
“Põe R$ 150 mil, R$ 150 mil. O menino estava na base ganhando, 2, 3, 4, aí passa pro profissional, R$ 150 mil. Eu tenho uma puta de uma empresa, uma empresa fenomenal, tudo que você usa na boca de manhã é minha, é pasta dental, da Colgate. Eu não ganho R$ 150 mil”, reclamou.
Ao ser questionado pelo motorista se “até o Itair (Machado) está ganhando mais que os jogadores da base”, Wagner desconversou e citou Dedé: “Itair, não sei se tá ganhando. Não sei o que ele tá arrumando por aí. Ele não tá ganhando mais não, ele não é do Cruzeiro mais. São os jogadores. Como é que você pega um cara ganhando R$ 1 milhão, o Dedé ficou um ano e meio parado, ganhando R$ 800 mil, o Cruzeiro gastou”, apontou.
O motorista perguntou se Dedé, mesmo machucado, continuou ganhando o mesmo salário. Wagner Pires de Sá explicou que os clubes são obrigados a seguir pagando os vencimentos integrais dos jogadores, ao contrário de empresas privadas que têm o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para assumir o pagamento do funcionário registrado em carteira no regime CLT, caso ele precise ficar afastado mais de 15 dias com atestado médico. Durante o período, o órgão ligado ao governo federal paga o auxílio-doença correspondente à média do salário do trabalhador limitado ao teto, que neste ano é de R$ 6.101,06. “Não para de ganhar [mesmo machucado]. Não é igual INSS. Ah, o cara tá doente, vai para o INSS, ganha salário mínimo. Não, o time paga. Ganhou mais de R$ 50 milhões sem jogar", frisou.
O ex-presidente celeste ainda criticou a parte física do zagueiro, que sofreu duas graves lesões nos dois joelhos, que o tirou dos gramados por muitos meses. Entre novembro de 2014 e dezembro de 2017, o jogador atuou apenas 13 vezes. "E se vender, não vende, primeiro porque ele é todo fodido e não passa no exame médico. Futebol brasileiro é isso”, disparou Wagner.
Dedé foi um dos jogadores do Cruzeiro que recusaram a renegociação salarial em 2020 para jogar a Série B do Campeonato Brasileiro. No entanto, o zagueiro ainda não conseguiu um novo clube e segue vinculado à Raposa. Os representantes chegaram a conversar com um clube da China, mas as tratativas não avançaram.
Recentemente, a diretoria concedeu 30 dias para ele resolver assuntos particulares no Rio de Janeiro, onde ficará também aprimorando a parte física.
Tanto o ex-presidente do Cruzeiro Wagner Pires de Sá quanto o zagueiro Dedé não foram encontrados para comentar as declarações do vídeo.
‘Bagaço da laranja’
Em setembro do ano passado, ainda quando era o presidente, Wagner Pires de Sá já havia “falado demais” em um vídeo vazado durante uma feijoada do Cruzeiro. Na ocasião, ele pegou o microfone das mãos de um cantor que se apresentava no Parque Esportivo, no Barro Preto, e disse que havia sobrado para ele o “bagaço da laranja”, fazendo referência ao momento do clube, que já estava mal financeiramente.
A fala ocorreu enquanto um grupo, que realizava uma apresentação musical, cantou a canção “Bagaço da Laranja”, de Jovelina Pérola e Zeca Pagodinho. “Essa música é efetivamente a situação do Cruzeiro. Eu fiquei com a mamucha (bagaço) da laranja. Sobrou para mim. Só eu! A maioria dos que vieram aqui, veio para ficar rico. Eu, que já era rico, estou ficando pobre. A maioria deixou a mamucha da laranja. Sobrou pra mim”, disse Wagner Pires de Sá.