A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira Operação Títeres, para investigar um esquema de candidaturas "laranjas" montado por um grupo em Roraima para fraudar e desviar recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha durante as eleições 2018.
As campanhas sob apuração são de candidatas pelo PSD que receberam recursos da própria sigla e do MDB, que fazia parte da coligação. Segundo fontes informaram ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-senador Romero Jucá e o ex-governador de Roraima Rodrigo Jucá, seu filho, estão na mira dos investigadores, que consideram que ambos administravam o dinheiro e escolhiam quais as candidaturas receberiam mais recursos.
Em nota, a Polícia Federal disse que uma das candidatas investigadas teria recebido R$ 105 mil e obtido apenas nove votos. A PF não informou o número total de candidatas sob investigação e os valores totais envolvidos.
Os agentes cumprem seis mandados de busca e apreensão na capital do Estado, Boa Vista. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de Roraima. Os crimes sob investigação são a apropriação de valores de financiamento eleitoral, falsidade ideológica eleitoral e associação criminosa.
Segundo a PF, as investigações começaram após a constatação de que candidatas a deputadas federais e estaduais obtiveram um índice de "custo de votos" vinte vezes superior à média brasileira.
O desvio de recursos públicos para campanhas eleitorais, usando principalmente candidaturas "laranjas", é alvo de 221 inquéritos conduzidos pela Polícia Federal.
Outros 12 já foram concluídos, com o indiciamento de investigados. Entre eles, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), e o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente nacional do PSL. Eles são apontados como beneficiários de esquema em Minas e em Pernambuco, respectivamente, em que candidaturas femininas "laranjas" nas eleições 2018 serviram para desvio de recursos do financiamento eleitoral.
A corporação suspeita que os recursos das candidaturas "laranjas" em Roraima tenham sido destinados a candidatos que efetivamente disputariam as eleições, para pagamentos de empresas de fachadas ou serviços que não teriam sido executados.
A Polícia Federal indicou ainda que, apesar das candidatas investigadas serem de um partido, a maior parte dos recursos destinados a elas seria proveniente de uma outra legenda. Ambos participavam de uma mesma coligação à época.
"A autorização e execução da transferência de recursos do Fundo de Financiamento Especial de Campanha dependeria da presidência estadual dos partidos, bem como deles também dependeriam a escolha de candidatos e a aprovação de suas respectivas prestações de contas", afirmou a PF.
A Títeres apura os crimes de participação em associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral e apropriação de valores do financiamento eleitoral. Somadas, as penas de tais delitos podem chegar a 14 anos, informou a PF.
Segundo a PF, o nome da operação faz referência aos fantoches movidos por meio de cordas ou pelas mãos dos controladores.
Defesas
Procurada, a defesa de Romero Jucá afirmou que não tem conhecimento de qualquer investigação sobre o ex-senador envolvendo candidaturas laranjas. O espaço está aberto para manifestações de citados.