A contagem regressiva começou. Falta pouco mais de uma semana para o fim da vacinação estendida contra a meningite C e a população da região de Juiz de Fora, na Zona da Mata, tem até o dia 30/4 para garantir a imunização contra a doença. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) , desde novembro do ano passado, quando iniciou a campanha estratégica de ampliação do público para a vacinação contra a meningite C, repassou aproximadamente 40 mil doses do imunizante para a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora.
A médica pediatra do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI), Adriana Rezende, da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, reforça que as pessoas devem procurar se vacinar. "A meningite pode causar sequelas graves e até mesmo matar. Por isso a importância e a preocupação para que as pessoas sejam vacinadas", alerta.
Busca ativa e a importância da vigilância
Maripá de Minas, município que fica a aproximadamente 51 quilômetros de Juiz de Fora, já aplicou 238 doses do imunizante e permanece fazendo busca ativa nos bairros por meio dos agentes comunitários de saúde. Lá existem dois projetos de ações extra-muros, o "Saúde no Bairro", e o "Check Up Maripá", onde avaliam também o cartão de vacina.
No dia 19 de abril, representantes de Maripá receberam do governador o selo "Bora Vacinar", que certificou os municípios mineiros que alcançaram metas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nas 14 vacinas destinadas às crianças de até 2 anos, no ano de 2022.
O município, que tem cerca de 3 mil habitantes, possui uma equipe com 7 agentes de saúde, liderados pela enfermeira, referência técnica da Unidade Básica de Saúde (UBS) Nelson de Souza Matos, Jéssica Francisca Ferreira Vieira.
"Fazemos reuniões mensais com a equipe para avaliação das fichas de visita domiciliar e trabalhar algum assunto da vacinação. Sempre que tem alguma nota técnica de vacina, reúno a equipe para passar as informações e traçar as ações para cumprir as metas estipuladas", detalha Jéssica Francisca.
Para a reta final da campanha está sendo feito chamamento da população, com publicação em veículos de informação oficiais do município. Os agentes também usam alguns meios, como grupos de Whatsapp, para informar as pessoas.
Entendendo a meningite
A meningite é uma inflamação das meninges, que são as três membranas que envolvem o cérebro e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. É causada, principalmente, por bactérias ou vírus; mais raramente, pode ser provocada por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose.
Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre transmissão através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.
Na meningite bacteriana algumas bactérias se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta; outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos.
Na meningite viral, a transmissão depende do tipo de vírus, podendo ocorrer contaminação fecal-oral, por contato próximo (tocar ou apertar as mãos) com uma pessoa infectada; tocar em objetos ou superfícies que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos; trocar fraldas de uma pessoa infectada; beber água ou comer alimentos crus que contenham o vírus. Alguns vírus (arbovírus) são transmitidos pela picada de mosquitos contaminados.
A doença é perigosa
As meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. A doença ocorre, principalmente, entre as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite e irritação.
Meningites bacterianas são mais graves e em pouco tempo os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de infecção generalizada aumenta muito.
O relato de quem já teve a doença
Em princípio, pessoas de qualquer idade podem contrair meningite. É o caso do coordenador da assessoria de governança regional (AGR), Renan Guilherme Barbosa Reis, que contraiu a doença aos 32 anos de idade.
"Nos primeiros dias senti muita dor de cabeça, febre e dor nos olhos. Uma dor similar a enxaqueca e sinusite. Isso durou cerca de cinco dias. Como eu não sabia o que era, fiquei tomando medicamento para dor e protelando para procurar ajuda médica. Num desses dias acordei, por volta de 22 horas, com um sangramento muito grande no nariz e o travesseiro encharcado. Fui de imediato ao pronto-socorro. E lá foi constatado que eu estava com meningite”, detalha Renan Reis.
Renan percebeu a importância da vacina depois que recebeu o diagnóstico durante a internação.
“Fiquei dois dias internado, sendo medicado. E graças a Deus melhorei. Isso deixa claro o quanto é importante a prevenção desde pequeno. Para os pais fica o alerta que se preocupem com a vacinação adequada dos filhos. E os adultos também devem ser vacinados. É uma doença grave que atinge adultos também e pode até matar", finaliza Renan Reis.