A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar ontem (3), ação penal contra o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP). Na Corte, o parlamentar é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) do suposto envolvimento em desvios de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A sessão desta tarde, primeira parte do julgamento, foi dedicada às sustentações orais da PGR e do advogado do deputado. Os votos do relator, ministro Alexandre de Moraes, e dos demais integrantes do colegiado pela condenação ou absolvição do parlamentar serão proferidos na próxima sessão, que será realizada no dia 10 de março.
De acordo com a acusação, o parlamentar foi beneficiário de um esquema de desvios em contratos de R$ 130 milhões e R$ 220 milhões do BNDES com a prefeitura de Praia Grande (SP) e as Lojas Marisa.
Os fatos foram investigados na Operação Santa Tereza, deflagrada pela Polícia Federal em 2008 e que teve como alvo empresários, advogados e servidores públicos. Somente a parte relativa à suposta participação de Paulinho da Força tramita no Supremo, em função do foro privilegiado do parlamentar.
Para a procuradoria, os crimes eram facilitados por um ex-assessor do deputado e por um advogado, ambos antigos representantes da Força Sindical no conselho do BNDES. De acordo com as investigações, entre 3% e 4% do dinheiro liberado pelo banco era dividido entre os envolvidos.
“Para mascarar a não aplicação de parte dos recursos na finalidade dos empréstimos, os membros da quadrilha emitiram notas frias”, disse o subprocurador-geral da República Juliano Baiocchi, durante sustentação oral. De acordo com a acusação, as notas frias eram emitidas por uma consultoria em contratos fictícios com os beneficiários dos empréstimos.
Paulinho da Força passou a ser investigado no caso após ser citado na interceptação de um telefonema entre outros envolvidos no suposto esquema, após suspeitas de que parte do dinheiro estaria sendo lavado por meio de um prostíbulo em São Paulo.
Durante o julgamento, o advogado Marcelo Leal negou que Paulinho da Força tenha participado dos crimes. Além disso, segundo Leal, as indicações feitas ao Conselho de Administração do BNDES pela Força Sindical não tinham poder de aprovação de financiamentos.
"Não existe em nenhum momento na denúncia a afirmação de que o réu, de que qualquer um deles, tivesse participado da aprovação desses projetos, porque, simplesmente, não participaram", afirmou.