A decisão de Romeu Zema em sancionar parcialmente o ajuste salarial para as forças da segurança pública e vetar a recomposição para as outras categorias repercute. Após a saída do Secretário de Governo, Bilac Pinto, no início da noite desta quarta-feira, o vice-governador de Minas, Paulo Brant, informou por meio de nota a sua saída do partido Novo.
Na nota, Brant informa que Minas precisa de grandes reformas para sair da crise e, para isso, é preciso que o governo articule uma ampla coalizão política que permita a aprovação de projetos.
Segundo Brant, como o partido Novo tem escolhido manter-se à margem das coalizões para zelar por seu programa político, ele decidiu deixar a legenda. Brant não informou se vai para outro partido.
A decisão de Zema já repercute também na Assembleia Legislativa de Minas. O líder do governo na casa, o deputado Gustavo Valadares (PSDB) postou em suas redes sociais que o dia de hoje vai ficar marcado como “o início do fim”.
De acordo com Valadares, “ao invés de escancarar a porta para possíveis novos aliados, ele (Zema) está acabando de fechar a pequena fresta” e que assim será difícil de permanecer no bloco parlamentar.
As repercussões também se estendem ao campo dos servidores da segurança, que já anunciaram uma reunião para a manhã desta quinta-feira e falam em “reação incontrolável”.
Leia a nota na íntegra:
No sistema constitucional brasileiro, baseado num irrestrito pluripartidarismo, o principal dever de um governante democrático é a construção de uma maioria parlamentar que permita o funcionamento do governo.
Em Minas o governo eleito recebeu 43% dos votos no primeiro turno e 72% dos votos no segundo, elegendo-se com a mais ampla maioria. O Partido Novo, legenda do Governador e do Vice-Governador, na mesma eleição obteve apenas 3,7% dos votos para a Assembleia Legislativa e 4,6% dos votos para a Câmara Federal.
Os resultados eleitorais revelaram claramente que o povo de Minas não votou no programa e na plataforma política do Partido Novo, mas sim em uma chapa que lhe pareceu capaz de renovar as práticas políticas tradicionais e, principalmente, resolver os problemas da população que estão no âmbito das competências dos Estados federados.
O Estado de Minas precisa de grandes reformas para sair da crise que todos conhecem. Para isto é preciso que o governo articule uma ampla coalizão política que permita a aprovação das legislações necessárias.
O Partido Novo no Brasil tem escolhido manter-se à margem das coalizões, com o intuito principal de zelar pelo seu programa partidário, deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade e o funcionamento do Estado em benefício dos seus cidadãos.
Por entender que nosso compromisso essencial é governar o Estado e resolver os problemas reais que afligem nossa população, decidi deixar o Partido Novo para poder cumprir na sua integridade os meus deveres políticos e constitucionais, colocando o meu Estado acima de tudo.
Reafirmo a minha lealdade e meu apoio a este Governo, composto por homens de bem e liderado por um mineiro exemplar, na conduta ética, no compromisso com o bem comum e na competência de gestão. Romeu Zema!
Reafirmo também os meus valores e princípios que me conduziram ao Partido Novo. E também as minhas ideias, aqui me distanciando do Partido no que tange ao meu entendimento de que as nossas ideias devem ser contextualizadas e contrapostas às ideias diversas, num diálogo aberto e democrático, essência da boa política, e não serem alçadas à condição de dogmas irrenunciáveis, o que fecha as portas à política.
Não tenho dúvidas de que o processo de regaste da grandeza e da dignidade de Minas Gerais terá de ser o resultado de uma grande construção política, incluindo todos os mineiros de bem. Não será obra de um partido único.