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Reforço escolar

Escolas de Minas contabilizam resultados de reforço oferecido a 114 mil alunos

Desde setembro, lições extras de português e matemática foram oferecidas no contraturno da rede estadual, principalmente para estudantes que haviam abandonado as salas de aula

13/12/2019 14h55Atualizado há 5 anos
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Minas Gerais saberá, em breve, o resultado do maior programa de reforço escolar da história do estado. Próximo do fim ano, os boletins vão mostrar se as lições particulares dadas nas escolas, principalmente aos estudantes que haviam abandonado a sala de aula, serviram para eles recuperarem o tempo perdido e garantir nota azul. Desde meados de setembro, milhares de estudantes mineiros se debruçaram sobre livros e cadernos para aprender conteúdos não assimilados e estudar em dobro para não tomar bomba. Eles integram as 5.719 turmas distribuídas em todo o território mineiro e montadas no contraturno das escolas da rede estadual de ensino para atender 114 mil alunos com reforço em português e matemática. Cada disciplina ofereceu duas horas por semana de revisão até o fim de novembro.

O programa foca em adolescentes dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) e dos três anos do ensino médio que haviam abandonado a escola e voltaram às salas de aula ou que estão com notas abaixo da média esperada. Estudante do 1º ano do ensino médio, o jovem Pablo Emanuel Secundino dos Santos, de 15 anos, é um dos estudantes que já estavam de olho no reforço mesmo antes de ele começar.

O garoto, aluno da Escola Estadual Professor Guilherme Azevedo Lage, no Bairro São Gabriel, na Região Nordeste de Belo Horizonte, deixou de frequentar as aulas em abril e voltou no início deste semestre depois de um telefonema da escola. A iniciativa é parte de um programa de busca ativa instaurado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) a alunos infrequentes ou que abandonaram a escola. Por meio dele, 15 mil já retornaram à atividade escolar.

Agora que voltei, estou 100% focado e não vou perder a oportunidade de avançar”, disse. Pablo contou que fez um bom primeiro bimestre, mas começou a ter desempenho ruim no segundo, motivo que o levou a desistir, ainda em abril. Seu tempo passou a se dividir entre ficar em casa sem fazer nada e jogar bola com os amigos. “Estava indo bem no início do ano, com notas acima da média, mas depois desanimei. Além disso me perguntava: estudar pra quê?, relatou.
O telefonema da escola marcou um recomeço. “Minha mãe disse que tenho potencial e me deu muito apoio. A escola falou que eu não estava tão mal, que dava para recuperar. Lembrou que se eu ficasse em casa perderia o ano e prejudicaria meu futuro”, disse. “Estou me sentindo bem melhor e corrigindo o que perdi”, contou, ao falar do programa.

A Escola Estadual Professor Guilherme Azevedo Lage tem 902 alunos, todos de ensino médio. Dos 126 infrequentes detectados no sistema, 98 retornaram. “Estamos tornando a escola mais agradável. A sala de informática que não estava sendo usada passou a ser, o auditório tem aulas interativas e a biblioteca também está ganhando cara nova”, afirmou a diretora Marléia Avelar, que tomou posse em julho com a missão de revigorar o colégio. Outra aposta, segundo ela, é promover a integração com os vizinhos. “Quando temos boa relação com os pais e a comunidade, os alunos voltam para a escola. Tenho uma equipe engajada que permite fazer um excelente trabalho. Tornando a escola mais atrativa, eles permanecem.”

Outra ação que mobilizou os alunos foi o preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), idealizado pela professora Danielle Cristine Ferreira Silva, de português, literatura e redação. O curso, que foi dado em sábados alternados a partir de setembro e contou com o trabalho voluntário ainda dos professores de matemática, física e geografia. “Os meninos estão tendo uma oportunidade. Turmas menores permitem um trabalho mais preciso. É uma iniciativa para resgatar os alunos, motivá-los, divulgar a escola e ajudar a comunidade”, afirmou Danielle.