A China e os Estados Unidos da América (EUA) encerraram ontem (13) a Fase 1 do Acordo de Comércio. A notícia foi dada pelo Presidente dos Estados Unidos na rede Twitter. Donald Trump anunciou que "foi alcançado um acordo para uma Fase 1 bastante ampla com a China".
Essencialmente, em troca da suspensão ou de cortes de tarifas em alguns produtos chineses, Pequim aceitou fazer reformas estruturais e comprar mais produtos norte-americanos. Ao confirmar o acordo, que abre caminho à Fase 2 das negociações, a China sublinhou que espera que ambas as partes venham a respeitar o texto, depois de este ser assinado.
Os Estados Unidos prometeram suspender US$ 160 milhões de dólares (quase 150 mil milhões de euros) em tarifas retaliatórias sobre produtos chineses que deveriam ser aplicadas a partir do próximo domingo.
Também irão pôr fim a outras taxas já em vigor e eliminar progressivamente as acusações que pendem sobre a China, na disputa comercial.
Em troca, Pequim compromete-se a adquirir US$ 50 bilhões de dólares em produtos agrícolas norte-americanos em 2020, o dobro do que comprou em 2017, ano em que o conflito comercial teve início.
Irá ainda aumentar o acesso das empresas norte-americanas ao mercado chinês e reforçar a proteção imediata de direitos de propriedade intelectual.
Apesar de as confirmações oficiais não terem surgido de imediato, nem por parte da administração norte-americana, nem por parte de Pequim, o presidente norte-americano antecipou tudo e todos e celebrou o acordo na rede Twitter.
"Chegamos a um acordo para uma Fase 1 bastante ampla com a China", escreveu Donald Trump.
"Eles concordaram com muitas alterações estruturais e compras massivas de produtos agrícolas, energia e produtos manufaturados, e muito mais. As tarifas de 25% irão ficar iguais, com 7,5% aplicados a muito do restante...".
"As Tarifas Penais previstas para 15 de dezembro não serão aplicadas, devido ao fato de termos chegado a um acordo. Iniciaremos de imediato as negociações da Fase 2, em vez de esperar até depois das eleições de 2020. Este é um acordo fantástico para todos. Obrigado!", acrescentou Trump num segundo tweet.
O aval de Pequim surgiu uma hora e meia depois dos tweets de Trump, em uma conferência de imprensa com representantes dos ministérios envolvidos nas negociações.
A China preferiu celebrar o fim das tarifas, e só depois revelou os seus compromissos.
"Uma vez que ambas as partes chegaram ao Acordo Fase 1, os Estados Unidos prometeram cancelar algumas tarifas previstas e já aplicadas, e irão acelerar autorizações de importação de bens chineses", disse o vice-ministro chinês das Finanças, Liao Min.
"O cancelamento de tarifas está no centro das preocupações chinesas nas negociações comerciais, e ambos os lados chegaram a um acordo quanto a isso", acrescentou, confirmando a notícia divulgada momentos antes pelo ministro do Comércio, Wang Shouwen. Liao informou que Pequim e Washington discutem agora onde e quando será assinado o documento.
Depois disso, a China irá importar mais arroz e milho dos Estados Unidos, disse o vice-ministro da Agricultura e Assuntos Rurais, Han Jun, também presente na coletiva de imprensa.
O vice-presidente da Comissão de Planejamento para o desenvolvimento Nacional e Reforma, Ning Jizhe, informou os jornalistas que o pais irá ampliar as importações dos Estados Unidos, nos setores de energia, agricultura, produtos farmacêuticos e serviços financeiros.
Nenhuma das autoridades citou os valores envolvidos nas transações e, quando questionado, Ning disse que os números específicos serão divulgados mais tarde.
Wang Shouwen disse ainda aos repórteres que um acordo comercial irá proteger os interesses das empresas externas na China assim como os interesses legais das empresas chinesas nos Estados Unidos.
A primeira fase do acordo comercial, inclui ainda o entendimento sobre matérias como a transferência de tecnologia, propriedade intelectual, expansão comercial e estabelecimentos de mecanismos de resolução de disputas.
Pequim concordou em reforçar a proteção da propriedade intelectual e combater o roubo desta e também a produção de bens falsificados, mas disse que irá faze-lo ao seu próprio ritmo, acrescentou Wang. Liao contradisse o presidente norte-americano, ao dizer que as negociações da Fase 2 irão depender da implementação dos termos acordados na Fase 1.
Em reação ao desfecho antecipado da Fase 1 do acordo comercial, as bolsas mundiais reagiram favoravelmente com subidas significativas, alicerçadas igualmente por uma boa reação ao resultado das eleições no Reino Unido.
Desde julho de 2018, os Estados Unidos tinham imposto tarifas retaliatórias de mais de cerca de US$ 360 bilhões de dólares (mais de 300 bilhões de euros) sobre produtos chineses, com Pequim a responder tributando acrescidamente cerca de US$ 120 bilhões de dólares (mais de 100 bilhões de euros) em exportações dos EUA.