Fração, potência, raiz quadrada e polígonos podem até não ser os tópicos preferidos de alguns dos estudantes, mas para muitos outros, o gosto pela matemática é algo natural. É isso que mostram os resultados da 18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), onde os estudantes da rede estadual de ensino de MInas Gerais conquistaram 577 medalhas na edição de 2023, sendo 30 de ouro, 131 de prata e 416 de bronze. Além disso, foram concedidas mais de 4.830 menções honrosas para os candidatos que tiveram bom desempenho na competição.
Além de estimular a aproximação das escolas com o ambiente científico, a Obmep desperta ainda mais o interesse pela disciplina e reconhece, anualmente, o desempenho dos estudantes e dos seus professores.
Para João Marcos de Oliveira, de 11 anos, estudante do 7º ano do ensino fundamental da Escola Estadual José Ricardo Neiva, localizada em Ferruginha, na zona rural de Conselheiro Pena, no Vale do Aço, a habilidade com a matemática começou cedo. O estudante estreou na olimpíada e conquistou o 10º lugar nacional na edição de 2023 da Obmep.
“Percebi que meu esforço, preparação e estudo fizeram a diferença. Estou muito feliz em ter ficado entre os dez melhores do Brasil. Espero que em 2024 e nas próximas edições eu consiga mais medalhas. Posso afirmar aos colegas que estudar vale a pena”, afirma o estudante que sonha cursar medicina. Como premiação, João Marcos receberá a medalha de ouro na cerimônia nacional e uma bolsa de estudos mensais.
Além da facilidade em resolver as operações de matemática, o estudante tem outra habilidade que pode ter ajudado no desempenho das duas fases da olimpíada.
“Nas avaliações bimestrais além dos cálculos, ele sempre faz justificativas e explica como chegou ao resultado. João Marcos é um excelente estudante. Assíduo, responsável e compromissado com as tarefas escolares”, pontua Eliene Fantainha, professora de matemática na E.E. José Ricardo Neiva.
Damyana Oliveira, mãe de João, fala do orgulho em ver o filho sendo destaque em nível nacional. “João Marcos segue canais sobre a Obmep na internet, que ajudam em orientações e conteúdos. Estou muito feliz com a classificação pois ele se preparou, estudou e alcançou o que queria”, diz a mãe do estudante que também é professora da rede estadual. Na família, a habilidade com a matemática é compartilhada também com o filho mais novo, José Augusto de Oliveira, que ficou em 2º lugar na Obmep Mirim também em 2023.
A Obmep é uma iniciativa que propicia um ambiente diferente e motivador na escola. Por meio das duas fases da olimpíada os estudantes têm contato com questões interessantes e desafiadoras da matemática e são estimulados a trabalhar em grupo. A premiação nacional da 18° edição está prevista para o mês de junho, no Rio de Janeiro.
Trajetória de sucesso na matemática
A rede estadual de ensino tem amplo histórico de casos de dedicação e habilidade nas competições, sejam nacionais ou regionais. É o caso de José Coelho, de 26 anos, ex-estudante da Escola Estadual João Wesley, em Governador Valadares, e medalhista de ouro da Obmep em 2012, está finalizando o doutorado em matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Participar da olimpíada foi um dos momentos decisivos na minha vida. A primeira vez que fiz a prova ganhei uma menção honrosa, que foi suficiente para participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), onde medalhistas se reuniam para estudar matemática. Com o tempo encontrei na disciplina uma paixão duradoura. Hoje, 12 anos depois, estou próximo de me tornar doutor em matemática, e tudo isso começou com a Obmep”, conta o doutorando.
Professores premiados
Além dos estudantes, a Obmep também reconhece o desempenho dos professores, fundamentais na preparação para a competição. De acordo com o nível da classificação, os premiados podem receber diplomas, certificados, livros e capacitações na área da matemática.
O professor William Antônio Pereira, da Escola Estadual Abeilard Resende Pereira, na cidade de Lagoa Dourada, foi um dos professores da rede estadual de ensino premiados na 18ª edição e fala da importância do trabalho em equipe.
“O reconhecimento nos impulsiona a fazer o trabalho cada vez melhor. Acredito que essa conquista só foi possível pela dedicação dos alunos envolvidos e por toda equipe de professores de matemática da nossa escola. Trabalhamos com nossos alunos as habilidades necessárias para resolução de problemas”, pontua o professor.
Já Ivonete de Oliveira Lima, que leciona na Escola Estadual Cesário Coimbra, na cidade de Muzambinho, tem histórico de conquistas na olimpíada. A professora, que também foi premiada em 2023, vem se dedicando na preparação e no sucesso dos estudantes.
“Comecei a trabalhar a Obmep na Escola Estadual Padre Luiz Moreno, em Nova Resende, onde conquistamos a primeira medalha de ouro das escolas que pertencem a Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Poços de Caldas. Após dois anos de trabalho intenso na cidade de Nova Resende, tivemos também a primeira medalha de ouro e a partir de então sempre tivemos bons rendimentos. Os resultados são graças às ações transformadoras com um novo modelo de sala de aula, em que utilizamos de todas as ferramentas possíveis, observando o perfil de cada estudante, incentivando suas potencialidades e ações para tais competições”, afirma a professora.
Próxima edição da Obmep
As inscrições para a 19ª edição já estão abertas. Podem se inscrever instituições que oferecem do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, e ensino médio. A competição irá distribuir 8.450 medalhas nacionais, sendo 650 de ouro, 1.950 de prata e 5.850 de bronze, além de 51 mil certificados de menção honrosa. Para estimular cada vez mais a participação dos estudantes, a Obmep também irá premiar estudantes com melhor desempenho estadual. As escolas podem se inscrever até o dia 15/3 neste link .