Espanha e Itália registraram juntas quase 1,2 mil mortes em 24 horas por consequência do novo coronavírus. São 793 óbitos na Itália e 394 na Espanha.
Para tentar conter o avanço da doença, o governo da Espanha quer ampliar o estado de emergência em mais 15 dias, até 11 de abril. Em pronunciamento neste domingo, (22), o primeiro-ministro Pedro Sánchez pediu ao Congresso que aprove a medida - inicialmente prevista para acabar dia 29.
Até agora, a Espanha tem 28.572 casos confirmados da doença e 1.720 mortos. Nas últimas 24 horas, o número de casos confirmados foi de 3.600 e de mortos, 394.
O diretor de emergências sanitárias, Fernando Simón, informou em entrevista coletiva que dos 28.572 positivos para coronavírus no país, 3.475 são profissionais do setor da saúde. "Este é um grande problema para o sistema de saúde. São o grupo populacional de maior risco, isso é óbvio, e temos que assumi-lo", afirmou.
Itália
A Itália viveu nesse sábado (21) o dia mais catastrófico das últimas duas semanas: 793 mortos em 24 horas, elevando o total de vítimas da pandemia para 4.825 - o país já ultrapassou a China em número de óbitos. "Estamos em guerra", atesta o governo da Itália. Em Roma, a polícia usa alto-falantes para que as pessoas não saiam de casa. Mas a mensagem parece não ter sido bem compreendida.
Em uma semana, 70 mil pessoas foram denunciadas e processadas por violar a proibição de movimentação, bem mais do que as 53 mil infectadas com coronavírus. Aos poucos, os italianos vão descobrindo que não podem conter a pandemia na canetada.
Na última quinta-feira (19), o vice-presidente da Cruz Vermelha da China, Sun Shuopeng, que está na Itália, se disse chocado com a quantidade de pessoas nas ruas, circulando de transporte público e poucas usando máscaras. "Estivemos em Pádua e Milão. A política de confinamento não está sendo bem aplicada. O transporte público continua funcionando, as pessoas passeiam, há festas e jantares nos hotéis", disse Shuopeng.
Pressionado, o ministro da Saúde, Roberto Speranza, assinou no dia seguinte mais um decreto para tentar conter o coronavírus. Ele fechou parques e outros espaços públicos, mas deixou de fora atividades físicas próximas de casa, desde que respeitando a distância de um metro entre as pessoas.
O governo italiano ainda estuda outras medidas restritivas, como o monitoramento dos movimentos dos cidadãos por meio de telefones celulares. Por iniciativa das empresas telefônicas Telecom Italia, Vodafone e WindTre, a Lombardia já vem usando os dados para ver quantas pessoas estão cumprindo a quarentena. Fabrizio Sala, vice-governador da região, garante que o movimento é 60% menor do que antes da covid-19 - mesmo assim, segundo ele, muita gente ainda está na rua.
Mas a ideia de monitorar celulares, que foi aplicada na China, na Coreia do Sul e em Israel, ainda encontra resistência por parte de muitas autoridades locais. Além de violar a privacidade individual, os críticos argumentam que, se os italianos souberem que seus telefones estão sendo rastreados, deixarão os aparelhos em casa.