O Distrito Federal está entre os estados que apresentam mais incidências de casos de dengue no Brasil. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal na segunda-feira (5/2), já são 11 mortes provocadas pela doença no DF em 2024. Ao todo, são 46.298 casos prováveis registrados. Isso representa um aumento de 1.120,6% se comparado ao mesmo período de 2023, quando foram 3.793 casos prováveis. E de acordo com especialistas na área, os números tendem a aumentar ainda mais nas próximas semanas, por conta do período chuvoso.
Causada pelo vírus do gênero Flavivírus, a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em locais com água parada. Os principais sintomas são febre alta, manchas, coceiras, dores de cabeça, náuseas, vômitos e tontura. Porém, se o quadro evoluir para a dengue hemorrágica, o paciente pode apresentar sangramentos na gengiva, na urina ou na hora de evacuar; dores abdominais intensas e contínuas; além de palidez, sonolência, boca seca e dificuldade respiratória.
O que poucas pessoas sabem é que a dengue também pode ocasionar diversas complicações oculares. Entre os principais problemas nos olhos causados pela dengue estão as hemorragias retinianas ou na conjuntiva, em que um dos vasos sanguíneos se rompe, resultando na perda da qualidade visual. Pode haver casos de oclusões vasculares, como as tromboses, que surgem como consequência do depósito de anticorpos nas paredes internas das artérias e vasos. O alerta é do oftalmologista Sérgio Kniggendorf, especialista em Retina do Hospital Oftalmológico de Brasília.
O médico explica que isso acontece por conta da inflamação causada pelo vírus ou pelas alterações que ele provoca no sistema imunológico. “Percebe-se uma diminuição das plaquetas, fragmentos celulares envolvidos na coagulação do sangue. Com menos plaquetas, aumenta o risco de sangramentos e hemorragias em várias partes do corpo, inclusive nos olhos, reduzindo a capacidade visual ou mesmo levando à cegueira”, diz.
O Dr. Sérgio afirma que também é possível o desenvolvimento de neurite – uma inflamação do nervo óptico, que pode levar à perda total da visão - pois há um bloqueio na transmissão das imagens que são formadas nos olhos e enviadas ao cérebro. “Os problemas oculares são mais frequentes nos casos de dengue hemorrágica, mas é preciso ficar atento aos sinais. Diabéticos e portadores de doenças vasculares devem ter cuidados redobrados, já que possuem maior propensão às complicações. Pessoas contaminadas pela segunda vez têm um risco elevado de desenvolver os sintomas mais graves, principalmente quando são expostas a dois tipos diferentes do vírus”, ressalta o oftalmologista.
O médico reforça que melhor que tratar é tentar se prevenir de pegar a dengue, andando sempre com o máximo de pele coberta e passando repelente nas partes expostas do corpo; colocando telas em janelas e portas das casas para reduzir a entrada dos mosquitos, tampando as caixas de água e não deixando recipientes como pneus e vaso de flores com água parada. “Só com a conscientização de todos poderemos combater essa doença e reduzir seus efeitos. Mas a qualquer sinal de alteração visual, procure o oftalmologista. Felizmente, a maioria dos casos são mais simples. Entretanto é importante realizar exames para analisar a situação com cuidado, diagnosticar corretamente e tomar as providências necessárias para garantir a qualidade visual do paciente”, finaliza o Dr. Sérgio Kniggendorf.