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Brumadinho

Brumadinho: ‘A gente foi buscar ajuda’, diz uma das parentes de vítimas que entraram na Justiça alemã contra a TÜV SÜD

Procuradores alemães apuram queixa criminal contra a empresa que atestou estabilidade na barragem da Vale

14/12/2019 09h58
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Marcela Rodrigues é filha de uma das 270 vítimas do desastre ocorrido em Brumadinho, no dia 25 de novembro deste ano. Denilson Rodrigues era funcionário da Vale há 17 anos e trabalhava como eletricista na Mina do Córrego do Feijão onde houve uma barragem se rompeu.

Ela e outras quatro mulheres são representadas pela advogada alemã Claudia Müller que protocolou uma queixa criminal na Justiça alemã contra dois empregados da TÜV SÜD, empresa que atestou a estabilidade da estrutura que entrou em colapso, causando a tragédia na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O grupo esteve na Europa em outubro para denunciar a tragédia e cobrar por justiça. Na Alemanha, ele foi procurado pelas entidades humanitárias Misereor e ECCHR que ajudaram a protocolar a ação criminal.

Agora, procuradores daquele país investigam se os funcionários agiram ilegalmente ao permitir à empresa que assegurasse a estabilidade da barragem.

Representantes da TÜV SÜD não comentaram o caso.

"A gente foi ao exterior pra buscar ajuda. Acreditamos que a justiça no exterior é mais rigorosa e mais rápida. O que a gente quer é que os responsáveis paguem", disse Marcela.

Até esta sexta-feira (13), 257 corpos das vítimas foram encontrados. Outras 13 continuavam desaparecidas.

Empresa alemã deixou de certificar barragens

As alegações no caso são complexas. Segundo a lei alemã, algumas das principais acusações só se aplicariam a pessoas em cargos de gerência.

A TÜV SÜD certificou a barragem da Vale em Brumadinho (MG) apesar de evidências apontadas por suas próprias avaliações de que a estrutura estava "bem aquém" dos níveis de segurança recomendados, segundo procuradores no Brasil.

Em agosto, a empresa alemã disse que iria parar de realizar certificações de segurança de barragens.

Barragem íngreme e método menos seguro

Especialistas contratados pela Vale divulgaram na quinta-feira (12) o que consideram terem sido as causas do desastre.

O grupo de especialistas apresentou uma série de problemas que provocaram o rompimento:

O projeto de construção da barragem era muito íngreme e de um método a montante, que é menos seguro

Um recuo, construído depois do terceiro alteamento, empurrou as partes superiores do talude para cima dos rejeitos finos mais fracos

Rejeitos menos resistentes estavam sendo lançados perto da crista da barragem

Havia falta de drenagem interna significativa, o que resultou em um nível de água alto, principalmente no pé da barragem

Entre os rejeitos, tinha alto teor de ferro, que é mais pesado e apresenta comportamento potencialmente frágil em algumas situações

Um excesso de chuva na região, antes do rompimento, fez reduzir a resistência dos rejeitos dentro da barragem